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terça-feira, 24 de junho de 2008

Séc. XX

O Século XX pode ser considerado como um período de viragem em toda a história, grandes avanços, mudanças, conquistas marcaram e foram alcançados nesta época.


Começa assim a luta das mulheres pela sua afirmação numa sociedade que as oprimia, “emancipação feminina” foi assim denominada.


Enquanto os homens eram absorvidos pela Primeira Guerra Mundial, lutando nas frentes de batalha, as mulheres conquistavam o seu lugar no mercado do trabalho, mas nunca descurando da sua feminilidade.


Intimamente ligada à Primeira Guerra Mundial está a “morte” do espartilho, pois as mulheres assumiam trabalhos nos campos, nas cidades e nas fábricas que exigiam espartilhos menores, simples e mais confortáveis. Durante os anos de guerra os espartilhos foram sendo gradualmente substituídos por cintas e seguidamente pelo soutien. No entanto é só com a Segunda Guerra Mundial que os espartilhos desaparecem por completo do quotidiano feminino.


Nesta época destacam-se mulheres como Helena Rubinstein, com o lançamento do primeiro creme produzido industrialmente, o Valese, e a abertura do primeiro salão de beleza do mundo, e Estée Lauder cuja campanha publicitária de “Glamour Luxuriante” levaria à conquista do título de “Rainha Americana dos Cosméticos”.



A célebre frase “A beleza é uma questão de atitude. Não há mulheres feias, apenas mulheres que não se cuidam ou que não acreditam que são atraentes”, proferida inúmeras vezes ao longo dos últimos 55 anos serviu de grande incentivo a muitas mulheres, sendo assim Estée Lauder considerada uma das maiores empresárias do sector da cosmética.


Nos anos 20, Coco Chanel é o modelo de emancipação da mulher da Riviera Francesa, bronzeada, incentiva a diminuição dos panos que cobrem o corpo.


Nos anos 30, Jorge Sain é a primeira mulher que veste calças.



Já depois de ter acabado a Segunda Guerra Mundial, explodiu uma bomba atómica no atol de Bikini, onde os americanos haviam realizado uma série de testes atómicos. Esta bomba serviu de inspiração ao engenheiro mecânico francês Louis Reard que inventou o biquini, baptizando-o com o nome do Atol de Biquini, no Oceano Pacífico, e tinha como objectivo rebentar com as ideias conservadoras da sociedade, daí o nome “Biquini”, na tentativa de ter o mesmo efeito que a bomba teve no Atol. O lançamento do primeiro Biquini deu-se em Junho de 1946 causando um verdadeiro escândalo, e nenhuma modelo quis participar na sua campanha publicitária á excepção da corajosa stripper Micheline Bernardine, que abraçou este desafio. Já na década dos anos 50, grandes actrizes contribuíram para a divulgação do biquini, nomeadamente a francesa Brigitte Bardot, em 1956 que imortalizou o traje no filme “E Deus criou a Mulher”, ao usar um modelo xadrez Vichy.



“ A obsessão pelo embelezamento do corpo é uma realidade”.


No cinema era exibida toda a sofisticação das actrizes com uma imagem idealizada. Estas “estrelas” incentivavam o público feminino na procura do seu brilho e na melhoria da sua aparência, imortalizando estilos de maquilhagem.


Actrizes como Elisabeth Taylor, em Cleopatra com os seus olhos violeta contornados por khol, a morena Marilyn Monroe, que marcou a época com o seu batom vermelho, olhos com delineador e a pinta de rosto retocada, atraindo e intensificando a sua feminilidade, e a sempre recordada Audrey Hepburn pelos seus lindos olhos realçados com pestanas postiças e leve sombra.


A arte dos cosméticos


Falar de maquilhagem é rever a busca pelo enaltecimento das formas desde tempos muitíssimo remotos. A preocupação com a aparência existe desde tempos pré--históricos, quando os rostos pintados e os corpos tatuados serviam para agradar os Deuses e afugentar maus espíritos.


Ao longo da história dos cosméticos foram várias as dificuldades encontradas. Mesmo assim nos anos seguintes e apesar dos costumes rígidos, a maquilhagem ganha força, tanto na Inglaterra como na França, e assim foi até ao final da Revolução Francesa, quando apenas as pessoas mais velhas e os artistas podiam embelezar-se.


Em 1880 os cosméticos ressurgem com todo o seu esplendor, nascendo assim uma poderosa indústria de cosméticos. No entanto é somente no século XX, com os avanços da indústria química fina que os cosméticos se tornam produtos de uso geral.



Anos 20Nos anos 20, foi lançado o batom, sendo os lábios pintados de forma a assemelharem-se a uma seta do Cupido, com cores fortes para chocar. O visual de eleição era ter o cabelo muito curto, liso à rapaz, carvão à volta dos olhos, sobrancelhas arranjadas e delineadas a lápis e uma pele branca. Também se usavam sinais postiços feitos com lápis.


Paris é palco de uma verdadeira revolução na história do batom. É a primeira vez que um produto desta categoria é embalado num tubo e vendido em cartucho.


A pintura carregada dos olhos, nos anos 30, usada pelas actrizes e estrelas de cinema, teve enorme influência na pintura do dia-a-dia nas primeiras décadas do século. O Ballet Russo Diaghilev, teve também grande efeito na cosmética. A pintura exótica dos olhos das bailarinas
Anos 40 fez criar a moda das sombras de cores e douradas, assim como uso de bases.


Nos anos 40, durante a Segunda Guerra Mundial, o fornecimento de pinturas era escasso, pois o petróleo e o álcool usados na sua produção faziam falta para as necessidades de guerra. Porém, os cosméticos desempenhavam um papel importante para levantar a moral feminina, pelo que muitas mulheres improvisaram-nos com substitutos caseiros. O batom vermelho escuro, que se arranjava no mercado negro, era usado com verniz para as unhas a condizer.


Após a Segunda Guerra Mundial, nos anos 50, houve um retorno do visual mais feminino. Os olhos eram realçados por cortes de cabelo mais curtos e pelo uso exagerado de eyeliner preto na pálpebra superior, que, na forma líquida, era aplicado com pincel, substituindo o
Anos 60lápis. Foi também nesta altura lançada uma grande gama de produtos dirigida ao mercado mais jovem.


Nos anos 60 assiste-se ao culto da juventude, os fabricantes de cosméticos concentraram a sua atenção no consumidor jovem. Inspirados no visual do continente, as raparigas usavam batons rosa-pálido ou brancos e maquilhagem carregada nos olhos. Os cosméticos de aplicação fácil e rápida, como os compactos de pó-de-arroz e as bases em tubo, eram os preferidos.


Na década de 70 as cores da maquilhagem tornaram-se populares acompanhando colecções da alta-costura francesa, italiana e inglesa.


A moda e a beleza sempre de braço dado. Cada vez que um grande costureiro lançava uma nova colecção de cores e formas para as roupas, lá vinha um tom de sombra específico para os olhos...uma nova cor para a boca.


Dior, Chanel, Ives Saint Laurent entre outros grandes fabricantes, ousavam e enchiam os olhos das mulheres de todo o mundo com as suas criações cada vez mais tentadoras.


Com o boom da economia dos anos 80, surge um novo tipo jovem, urbano e carreirista, que se reflectiu na moda dos cosméticos, com um visual mais reivindicativo e uma acentuada definição das feições. Os fabricantes realçam a duração dos seus cosméticos e incitavam as mulheres muito ocupadas a voltarem a aplicar a maquilhagem ao longo do dia. É no final da década de 80 que entram em lançamento as Anos 90 fórmulas evoluídas de cosméticos pigmentados.


À beira do novo milénio surgem novas fórmulas baseadas em tecnologias de vanguarda, cujo uso garante propriedades bem interessantes para a nossa beleza, como protecção solar, manutenção e controle do envelhecimento da pele.


Nos anos 90, a era do benefício visível ganha importância vital, ou seja, a subtileza na aplicação da maquilhagem é a característica desta época, pois quando aplicada com arte, pode dar impressão de não estar a ser usada. Os nomes dos cosméticos sugerem conter ingredientes clinicamente testados e indicam um afastamento em relação ao glamour do princípio do século e uma tendência para a estética mais pura.



Este Período é também marcado por alguns cosméticos:


O creme Nivea, que foi o primeiro hidratante do mundo, em 1911, resultando de uma pesquisa científica que descobriu um ingrediente activo para unir água e óleo;


O batom Lancôme, lançado em 1937, veio substituir o Rouge Baiser, um batom duro e seco. Brilho, suavidade e várias cores são as principais qualidades deste incrível batom;


O leite de rosas, surgiu em 1929, como uma loção embelezadora para a pele feminina. Até o seu frasco, na época de vidro, lembrava as formas do corpo feminino com “cintura fina”;


O sabonete Roger & Gallet, como o primeiro sabonete redondo envolto artesanalmente em papel drapeado;


Chanel 5 criado em 1921, o mundo inteiro apaixona-se por esta fragrância de Mademoiselle Coco Chanel;


E o Talco Granado, criado em 1903, pelo farmacêutico João Bernardo Coxito irmão de Jorge Coxito, o fundador da casa Granado, o polvilho anti-séptico granado, um talco para os pés, sendo a sua fórmula imbatível até aos dias de hoje.


Actualidade


O exercício desta profissão não pára, e as suas profissionais também não se reduzem aos ensinamentos adquiridos enquanto estudantes. Os avanços técnico-científicos ajudam não só à sua evolução como aos meios que utilizam, tornando-os mais e melhores, adaptando-se às necessidades dos dias de hoje.


Actualmente existem vários tipos de Tratamentos: Tratamentos Faciais, e neles se incluem:


Limpeza de pele (Limpa a pele em profundidade, deixando-a livre de impurezas, actua também controlando o excesso de oleosidade e oxidação, tornando-a mais lisa e clara. Indicado para todos os tipos de pele;


Revitalização (Indicada para uma pele mais madura e desidratada, age estimulando as fibras de colageneo e elastina, normalizando as funções gerais da pele);


Lifting (Tratamento usado na prevenção de sinais de expressão, cujo objectivo é estimular o tecido tissular e a musculatura nutrindo e enrijecendo. Indicado para peles maduras e flácidas);


Oxigen (Num processo automático a pele realiza respiração celular. A hidratação com o oxigénio realiza a renovação celular, visando nutrir e proteger essa pele nova. Tratamento indicado para todos os tipos de pele);


Oxigen (Num processo automático a pele realiza respiração celular. A hidratação com o oxigénio realiza a renovação celular, visando nutrir e proteger essa pele nova. Tratamento indicado para todos os tipos de pele);


Máscara de Chocolate (É indicada para peles ressecadas, repõe a energia térmica após exposição solar, hidrata, nutre e dá mais tónus à pele);


Tratamentos Corporais e dentro destes os tratamentos hidroterápicos tais como:


Banho Vichy (Duches verticais que exercem efeito de massagem com água aquecida melhorando a circulação e relaxando);


Hidromassagem (Utilizada para três aplicações: banho de chocolate, hidrogomage e talassoterapia);


Banheira subaquática (Utilização de jactos direccionados pela massoterapia realizando uma massagem subaquática, banho de vinho);


Ofurô (Banho com ervas e com uma temperatura agradável restaurando a mente e criando a sensação de relaxamento);


Tratamentos de Hidratação de Pele assim como:


Parafina (Hidratação para os pés e mãos);


Banho de Lua (Esfoliação, hidratação e clareamento de pêlos);


Tratamentos Redutores como:


Massagem redutora (Manobras manuais firmes trabalhando gordura localizada e celulite);


Celuless (Utiliza a vacuoterapia em gordura localizada e a celulite);


Liporedutor (Utiliza a drenagem mecânica associada à crioterapia);


Drenagem linfática (Trabalha o sistema linfático eliminando toxinas e edemas);


Okioteraoic (Manobras associadas às toalhas quentes finalizando com photen-aparelho com infra-vermelho);


Tratamentos Terapêuticos incluindo:


Massagem 4 mãos (Massagem feita com mãos de duas terapeutas com movimentos ritmados e idênticos, da ponta dos pés aos fios do cabelo);


Shiatsu (Massagem que ajuda a aliviar tensões e equilibrar energias por meio de pressão dos dedos em pontos específicos do corpo);


Reflexologia (Estimula e trata órgãos internos por meio de pontos na sola dos pés);


Massagem anti Stress (Massagem relaxante seguida de deslizamento suave sobre a musculatura);


Massagem Indiana (Trabalha com manobras de alongamento que relaxam a musculatura);


Reiki (É uma transferência de energia que equilibra a pessoa que recebe);


Terapia das Pedras Quentes (Relaxa a musculatura utilizando pedras quentes e energizadas para relaxamento e equilíbrio energético);


Massagem Senses (Activa os sentidos através de manobras com toques alternados entre ásperos e macios);


Hidroaroma (Tratamento de esfoliação com aromaterapia que estimula os sentidos através do olfacto, tendo o poder de restaurar o equilíbrio físico, orgânico e mental).


No que diz respeito ao rejuvenescimento facial entre outros encontra-se:


O Peeling, que consegue através de um agente químico uma esfoliação epidérmica acelerada que arrasta consigo as impurezas que estão na pele. Indicado para peles com manchas causadas pelo sol, evidenciando assim sinais de envelhecimento, e também para peles que tenham sequelas deixadas pela acne. Existem distintos tipos de peeling conforme as substâncias químicas que se utilizam e o grau de penetração que alcançam.



Actualmente também se desenvolveram muitas outras técnicas destinadas ao melhoramento do aspecto do corpo humano, de entre as quais se podem mencionar, a Massagem subdérmica, técnica esta, baseada num sofisticado equipamento tecnológico que através do seu cabeçal, utiliza a pressão pneumática sobre a zona a tratar para realizar massagens subcutâneas que aumentam o fluxo sanguíneo no interior da zona objecto. É considerado um dos tratamentos mais eficazes no combate à celulite e à “pele casca de laranja”; a Mesoterapia, técnica que consiste fundamentalmente na administração de substâncias de origem natural que é aplicada no paciente ao nível intradérmico. Este sistema permite mover e dissolver as gorduras localizadas que não desaparecem com o exercício. Graças à sua aplicação consegue-se activar a micro-circulação da zona ao nível arterial, venoso e linfático pelo que se regenera o tecido e promove a eliminação de líquidos e toxinas; e a Termosudação que é um tratamento inovador graças ao qual se consegue uma considerável redução de líquidos e uma notável melhoria na celulite localizada. É uma técnica cómoda, simples indolor e inócua, que se realiza em relaxantes sessões de 30 minutos, sendo recomendável que se efectuem 2 a 3 sessões por semana.


área dos lasers também está em pleno desenvolvimento, nos casos mais graves o uso dos lasers deu um aporte extraordinário com a técnica do chamado “resurfacing” em que as zonas com rugas da face são submetidas a acção ablativa do laser por camadas sucessivas até ao desaparecimento completo ou quase completo das rugas. Actualmente existem Lasers especiais para lesões dos vasos da pele, quer dos pequenos vasos dilatados da face e pernas, quer os grandes angiomas-tumores cor de vinho do Porto, que causam problemas a crianças e a adultos. Existem também outros Lasers para a retirada de tatuagens, de manchas acastanhadas; sardas e para epilação, entre muitos outros.


A cirurgia Plástica tem assim por objectivo a reconstrução de uma parte do corpo humano por razões médicas ou estéticas.


Em qualquer plástica, pretende-se que a zona afectada mantenha o seu funcionamento e, na medida do possível, um aspecto natural.


A cirurgia estética é pois um ramo da cirurgia plástica, orientada para a busca da perfeição das formas e não para melhorar funções ou tratar doenças.


As cirurgias estéticas mais comummente realizadas são: rinoplastia (cirurgia do nariz), blefaroplastia (cirurgia das pálpebras), ritidoplastia (cirurgia das rugas faciais), lipoaspiração (cirurgia para remoção de gordura localizada), dermolipectomia abdominal (cirurgia para remoção do excesso de pele abdominal), mamoplastia redutora (cirurgia para redução e suspensão das mamas), mamoplastia de aumento (cirurgia para o aumento das mamas, geralmente com prótese de silicone), otoplastia (correcção de “orelhas de abano”), implante capilar (correcção da calvície).


Todas estas técnicas são muito importantes, e vão permitir outros avanços a nível da cosmética e fazer com que novos cursos de actualização da carteira profissional façam sentido.


Uma profissional de estética está apta a prestar serviços junto de psicólogos, estilistas, produtores de televisão e cinema, e médicos, como a mesoterapia. Pode também trabalhar como manicura e pedicura, efectuar epilações, realizar tratamentos de rosto e de corpo, com massagens e técnicas específicas, e a criar bem-estar e relaxamento, com a aromaterapia, musicoterapia, cromoterapia, sozinha ou acompanhada.


domingo, 15 de junho de 2008

Século XIX

No século XIX, com o Romantismo, movimento artístico e filosófico, ocorrido na Europa por volta de 1800, as mulheres abandonam as exageradas maquilhagens do século passado, para adoptar um estilo com uma maior simplicidade.


Neste período a aparência física da mulher foi muitíssimo marcante.


Já com algumas influências vindas de épocas anteriores, a mulher do Romantismo era bastante refinada e feminista.


É dada grande importância à sua forma física e elegância, tentando-se disfarçar a gordura e excesso de peso, que afectava um grande número de mulheres devido à péssima alimentação da altura, tendo todas as mulheres que usar um corpete extremamente justo ao corpo. Esta era uma das causas, para os frequentes desmaios por entre este leque de senhoras.


Nesta época, é dada também bastante importância ao tom da pele, pois as mulheres do Romantismo, foram as únicas que renunciaram ao vermelho das faces: a cor sã que demonstra uma perfeita saúde, não estava de acordo com o momento espiritual em que viviam. O Romantismo tornou as faces pálidas e os lábios sem cor, escurecendo os olhos com sombras, devido aos seus amores tristes e infelizes. Desta forma, as mulheres cobriam o seu rosto com pós brancos, bebiam vinagre e sumo de limão, de forma a ficarem com a tez pálida.


É também, no início do século XIX, que se tenta pela primeira vez eliminar as rugas usando um método chamado “esmaltado do rosto”. Este, consistia em lavar primeiro o rosto com um líquido alcalino, depois passar uma pasta para preencher as rugas e em cima colocar uma camada de esmalte, feita com arsénio e chumbo, que durava aproximadamente um ano. Se a máscara fosse muito grossa, podia rachar com o mais pequeno movimento e também era insano e incómodo de usar.


Por volta de 1850, regressa-se novamente à moda das verdadeiras bonecas de porcelana, de corpos muito curtos e saias enormes, onde as faces já são levemente rosadas.


Os pós-brancos invadem os decotes e as costas, pois a mulher deve possuir uma tez de porcelana. Para tal, é utilizada uma pasta chamada “la blanquette”, feita com pó de arroz e talco e umas gotas de tintura de benjoim, pasta que provoca uma obstrução completa dos poros.


Os balneários entram também na moda. A mulher do Romantismo odeia o Sol, e, como tal, estes balneários estavam escondidos da luz, em locais sombrios. Todas as mulheres com dinheiro suficiente frequentavam os balneários, o que veio beneficiar a pele, uma vez que as águas, embora fétidas, completamente mal cheirosas, ajudavam na limpeza da pele e, por sua vez, na desobstrução dos poros.


Os banhos no mar começam também a divulgar-se, recomendados pelos médicos, no entanto, as mulheres entravam na água completamente cobertas, com botas altas, calças compridas, casacos de manga comprida, toucas na cabeça com abas para as orelhas, etc, isto para continuarem brancas.


Surgem também nesta época os cremes com garantia industrial. O primeiro foi o “Creme Simon”, para proteger a pele, que era uma espécie de creme nutritivo que todas as mulheres aplicavam. Em seguida surgiram os “leites de beleza”, mantiveram-se as loções e os óleos orientais entraram também em moda.


O “khol” era utilizado para escurecer os olhos acentuando, desta forma, a profundidade do olhar.


Em meados do século XIX, teve início a maquilhagem moderna. Nesta época aparece pela primeira vez o que viria a ser futuramente o baton (precisamente em 1880), que era uma pomada composta por manteiga fresca, cera de abelha, raízes de um corante natural e cachos de uvas negras sem polpa, que davam cor, sem provocar efeitos secundários.


Em 1880, a maquilhagem reconquistou as mulheres e nascia a moderna indústria de cosméticos. Pois com o desenvolvimento da química orgânica, começa-se a desvendar a composição química dos óleos e dos extractos naturais. Como resultado destas pesquisas, a indústria de perfumes passou de 500 a mais de 1000 fragrâncias sintetizadas. No final do século XIX, estava consolidada no mercado internacional a cosmética como um dos maiores e mais lucrativos negócios. Nascia, assim, a poderosa indústria de cosméticos que conhecemos até hoje, também muito influenciada pelos novos hábitos higiénicos, pela publicidade, pelo desenvolvimento dos meios de transporte, entre outros.


É também nesta altura, que se tornam famosos os banhos de morangos da elegante Madame Tallien, pois tinha a extravagância de banhar-se em sumo de morangos frescos, extraído das 20 caixas que traziam para ela.


O conceito de higiene, surge apenas no século XIX, depois das descobertas de Pasteur e dos seus trabalhos realizados sobre a importância da higiene na saúde. Estudos médicos provaram que a maior causa da morte nos doentes, estava relacionada com infecções provocadas por falta de higiene dos médicos, que não lavavam as mãos antes de verem e tratarem os doentes. Passaram, então, a ser obrigados a desinfectar sempre as mãos.


Médicos famosos, como o Dr. Caron, tiveram uma grande importância na história da higienização, recomendando o banho como um meio indispensável para a higiene e cuidado do corpo. É adoptando estes hábitos higiénicos, que surge o interesse pelos cuidados do corpo, vindo a aumentar ao longo do século. E são estes conceitos de higiene, tão fundamentais no dia-a-dia de uma esteticista que recorre sempre a: utensílios descartáveis, desinfectantes e equipamentos de esterilização.


O primeiro Instituto de Beleza do mundo, surge em Paris, no ano de 1880 fundado por Madame Lucas, oferecendo para além dos serviços cosméticos, uma grande diversidade de técnicas: massagens, cirurgia estética e dietética.


Desta forma, podemos constatar que os cuidados pessoais e a preocupação com a aparência, foram modificando ao longo dos tempos, atendendo ao evoluir das civilizações, ao ideal de belo e consequentes modas.

Século XVIII

Foi no séc. XVIII que a França conseguiu marcar a moda a nível mundial. Propagou-se a moda das perucas com cachos, o pó de arroz e brilhos e a produção de perfumes.


A corte francesa vivia luxuosamente, mas o uso dos cosméticos de tratamento não era correcto, ou seja, as mulheres não os usavam para tratar ou embelezar, elas usavam-nos apenas para adornar o corpo e para o enfeitar, com a função de atrair os homens.


Nesta época a higiene corporal não era um hábito da população, nem das mulheres nem dos homens, e por esta razão usavam perfumes em grandes quantidades. O perfume tinha como principais funções a eliminação de odores desagradáveis, servia de desinfectante e de purificador. Embora não tomassem banho, as mulheres não deixavam de se cuidar, utilizavam toalhinhas de linho embebidas em perfume, massajavam a cara e especialmente as axilas, onde o aroma agradável do perfume eliminaria o mau cheiro. A beleza seguia um determinado modelo, e as mulheres entregavam-se a grandes cuidados com a aparência de modo a que se enquadrasse com os padrões pretendidos pelos homens.


Em Itália, França, Espanha, Alemanha e Inglaterra o conceito de modelo pretendido era: pele clara, cabelo loiro, lábios vermelhos, face rosada, sobrancelhas pretas, pescoço e mãos compridos e esguios, os pés pequenos e a cintura flexível. Os seios deviam ser firmes, redondos e brancos, com os mamilos róseos. A cor dos olhos podia variar, os Franceses preferiam olhos verdes e os Italianos preferiam olhos castanhos ou pretos.


Para desinfectarem as casas e as roupas da peste, os ricos utilizavam incenso e aromas exóticos, onde também eram usados dentro das arcas e cofres para purificar o conteúdo.


O pó de arroz e os perfumes tornaram-se num sinal de estatuto social, e a distância entre cheiros bons e cheiros maus tornou-se tão grande, que em 1709, Lemery propôs três categorias de aromas: parfum royal, parfum pour les bourgeois e parfum des pauvres, feito de óleo e fuligem e cujo único objectivo era desinfectar o ar. Daí resultava um outro privilégio de classe, já que o perfume protegia o corpo, ele garantia também boa saúde. Ele eliminava os maus cheiros, os vapores infecciosos e os miasmas contagiosos.


As novas regras prescreviam que as partes visíveis do corpo deveriam ser inofensivas à vista e agradáveis ao olfacto, deviam preocupar-se mais com a aparência do que com questões de higiene. Uma aparência limpa era garantia de uma certa posição social, e daí a importância dada à roupa branca, cuja se identificava com a pureza da pele que cobria.


Acreditava-se que a roupa branca absorvia a transpiração e absorvia as impurezas, preservando assim a saúde de quem a usava.


Para a igreja o uso de artifícios coloridos era visto como força do mal e da impureza. Podemos verificar esta afirmação no relato de São Jerónimo:


“…o que faz essa coisa púrpura e branca no rosto de uma mulher cristã, atiçadores da juventude, fomentadores de luxúria, e símbolos de uma alma impura?...”


Em 1711, foi publicada uma carta no jornal britânico The Spectator, onde um marido aflito desabafava:


“ Senhor, estou a pensar largar a minha mulher e acredito que quando o senhor considerar o meu caso, a sua opinião será a de que as minhas pretensões ao divórcio são justas. Nunca um homem foi tão apaixonado como eu pela sua fonte, pescoço e braços alvos, assim como a cor azeviche de seus cabelos.


Mas para meu espanto descobri que era tudo feito da arte: a sua pele é tão opaca com esta prática, que quando acordou de manhã, mal parecia jovem o suficiente para ser mãe de quem levei para a cama na noite anterior. Tomarei a liberdade de deixá-la na primeira oportunidade, a menos que seu pai torne a sua fortuna apropriada às suas verdadeiras, e não supostas, feições…”.


O regresso dos banhos foi encarado como passatempo de luxo e como exercício terapêutico. Foi na década de 1740 que os aristocratas começaram a tomar banho, foi também nesta altura que começaram a construir casas de banho luxuosas nos seus palácios e residências urbanas. Os banhos frios começaram a aparecer depois de 1750, após terem sido feitos vários estudos clínicos sobre os benefícios do banho e o seu contributo para a manutenção da saúde, nesta época acreditava-se que um banho tomado nas devidas condições ajudava nas mudanças de humor, que fortalecia os músculos e que estimulava o funcionamento dos órgãos. Por estas razões os banhos frios eram considerados de grande utilidade, não pelo facto de purificarem o corpo mas porque o fortaleciam.


Em 1761 foi construído um estabelecimento de banhos nas margens do Sena para as pessoas de grandes recursos.


Em 1770, o parlamento britânico recebeu uma proposta de uma lei que permitia a anulação do casamento caso a noiva estivesse maquilhada, usasse dentadura ou peruca.


“Todas as mulheres que a partir deste acto tirarem vantagem, seduzirem ou atraírem ao matrimónio qualquer súbito de Sua Majestade por meio de perfumes, pinturas, cosméticos, loções, dentes artificiais, cabelo falso, lã de Espanha, espartilhos de ferro, armação para saias, sapatos altos ou anquilhas, ficam sujeitas à penalidade da lei que agora entra em vigor contra a bruxaria e contravenções semelhantes e que o casamento seja anulado, caso sejam condenadas…”.


Nos anos seguintes mesmo com todas estas penalizações, a maquilhagem pesada ganhou força tanto na Inglaterra como na França e foi assim até ao final da Revolução Francesa, quando apenas as pessoas mais velhas e os artistas se podiam embelezar.


Em 1792, Nicolas Leblanc, um químico francês obteve soda cáustica através do sal de cozinha e pouco tempo depois, foi criado o processo de saponificação das gorduras, o qual deu um grande avanço na fabricação de sabão.


A Imperatriz Josefina, esposa de Napoleão Bonaparte, em 1799 comprou o palácio Malmaison, onde realizava tratamentos de beleza.


Josefina já na altura cuidava do seu corpo, preocupando-se em seguir regimes para emagrecer e banhando-se em leite de vaca para hidratar e cuidar da pele.


A publicidade na imprensa, teve um papel fundamental para os cosméticos, e os fabricantes e vendedores assim que se aperceberam desta situação aproveitaram de imediato e utilizaram-na para aumentar a divulgação. Embora a produção tenha sido sempre artesanal, as vendas aumentaram e o mercado dos cosméticos ganhou mais importância económica.


No final do século, a moda continuava a ser a brancura exagerada na pele, para esse efeito utilizavam pós de farinha e arroz e ingeriam diariamente grandes quantidades de vinagre. Também eram utilizados cremes, pomadas e máscaras, mas os mais utilizados e mais obsessivos eram a maquilhagem e o perfume.


Foi também nesta altura que os homens se voltaram a interessar pela cosmética, maquilhavam-se tão exageradamente que chegavam a ter um aspecto feminino.


Mais tarde, no reinado de Luís XVI a maquilhagem evoluiu, mas com um aspecto mais natural. Com o aparecimento das guilhotinas, tanto os homens como as mulheres deixaram de se preocupar tanto com as maquilhagens e perfumes e começaram a preocupar-se mais com as suas vidas.


Por esta razão o século XVIII terminou com uma nova estética feminina, um gosto pré-romântico pela graça e simplicidade, traduzida nuns olhos grandes, um rosto pálido e uma figura esguia e lânguida.

Século XVII

Higiene pessoal e cuidados do corpo


O hábito do banho, quer em estabelecimentos públicos quer na privacidade do lar, praticamente desapareceu durante o século XVII. No caso dos banhos públicos, foi não só o receio de contágio (peste e sífilis) como uma atitude mais rígida em relação à prática da prostituição (actividade paralela em muitos banhos) que levaram ao encerramento da maior parte destes estabelecimentos. Por outro lado, no caso das abluções privadas, uma desconfiança crescente em relação à água e o desenvolvimento de novas técnicas de higiene pessoal, «secas» e elitistas, levaram ao quase desaparecimento de tina de banho.


A eliminação deliberada dos banhos públicos constituiu um acto de higiene social e moral. Longe de se dedicarem em exclusivo à limpeza pessoal, estes estabelecimentos ofereciam também um determinado número de serviços que as autoridades civis consideravam uma ameaça aos princípios morais das cidades. O vinho e as refeições eram servidos aos banhistas dentro ou fora de água.


A crença na permeabilidade da pele e na ameaça que os banhos representavam para a saúde em geral continuaram, ao longo do século XVII, a fornecer aos textos médicos uma grande variedade de argumentos sobre os efeitos nocivos dos banhos públicos e os perigos da água.


No século XVII, os efeitos debilitantes da água quente eram universalmente reconhecidos. Acreditava-se que os poros dilatados permitiam a saída dos humores do corpo, causando a perda de forças vitais, a fraqueza e outras doenças ainda mais graves, como a hidropisia, a imbecilidade e o aborto. Entre as precauções a ter depois do banho costumava geralmente um descanso na cama, que em alguns casos poderia durar vários dias.


Desaparecida a água, entram em cena o limpar, o friccionar, o empoar e o perfumar. Livros de civilidade, não se limitam a descrever o comportamento requintado que devem ter as classes superiores quando se assoam e sentam à mesa. Insistem, igualmente, na limpeza do corpo e dos seus orifícios, realçando os novos imperativos sociais e fazendo a separação entre a elite e o «vulgo».


Passou a ser dada maior atenção às partes do corpo que se apresentavam descobertas: a cara e as mãos. Muito embora a água continuasse a ser utilizada, para as abluções matinais destas duas partes do corpo, no século XVII era considerada própria somente para enxaguar a boca e as mãos, mas apenas desde que lhe tivesse sido adicionado vinagre ou vinho para atenuar os seus eventuais efeitos nocivos. Os livros de civilidade desaconselhavam especialmente o uso de água na cara porque se acreditava que prejudicava a visão, causava dores de dentes e catarro e fazia com que a pele ficasse demasiado pálida no Inverno e excessivamente escura no verão. A cabeça deveria ser esfregada vigorosamente com uma toalha perfumada ou uma esponja, o cabelo penteado, os ouvidos limpos e a boca lavada. Inicialmente, o pó de arroz surge com uma espécie «champô seco» que era deixado no cabelo durante a noite, para na manhã ser eliminado com um pente juntamente com a gordura e outras impurezas. No entanto, nos finais do século XVI o uso do pó de arroz tornou-se mais do que uma condição necessária de limpeza. Os pós perfumados e coloridos tornam-se então parte integrante do arranjo diário dos ricos, tanto dos homens como das mulheres. Este acessório, olfactivo e visual, não só proclamava o privilégio da limpeza dos seus utilizadores como também definia o seu estatuto social, pois a moda era igualmente um privilégio dos ricos. No século XVII o pó conquistou de tal maneira as classes superiores da Europa que nenhum aristocrata respeitável se designava aparecer em público sem ele.


No século XVII, a mudança de camisa era um dos elementos considerados essenciais da higiene diária tanto para o burguês como para o aristocrata, a tal ponto que Savot, no seu tratado sobre a construção de castelos e casas urbanas (1626) declarava que nos tempos «modernos» não se justificavam já instalações específicas para o banho, «pois agora usamos roupas brancas, que nos ajudam a manter o corpo mais limpo do que os banhos e saunas dos antigos, que se encontravam privados do uso e da comodidade da roupa interior». O uso de roupa interior branca passou assim a ser sinónimo de «moderno», a última palavra em higiene pessoal.


Pelos finais do século XVII a maioria da população urbana achava que andar com a mesma camisa entre três a sete dias era mais adequado às suas necessidades. Os regulamentos da maior parte dos conventos e escolas insistiam numa muda regular de roupa branca (quando não diária), e mesmo as meias e colarinhos postiços eram alvo das recomendações sobre higiene dessas instituições. No entanto, independentemente da frequência com que os elementos das diferentes classes sociais sentiam necessidade de mudar de roupa interior, mantinha-se a questão de que a roupa branca não era acessível a todas as bolças, e nem toda a gente tinha recursos para fazer uma muda.


As advertências sobre os efeitos dos cosméticos a longo prazo não constituíram o único argumento utilizado contra a maquilhagem. As mulheres que se pintavam eram também acusadas de «alterarem o rosto de Deus», (não era a humanidade feita à imagem do senhor?) no seu A treatise against Painting and Tincturing of men and woman (1616), Thomas Tuke interrogava-se como eram as mulheres capazes de rezar a Deus «com o rosto que ele não reconhece! Como podem elas pedir perdão quando os seus pecados estão gravados nos seus rostos»? Por detrás de muitas críticas à pintura estava também o receio masculino da decepção. Não seria a beleza jovem que eles tanto desejavam talvez uma velha feiticeira ou um corpo mimado pela doença, habilidosamente camuflados! Para além disso os que faziam cosméticos eram muitas vezes suspeitos de se dedicarem às artes mágicas, uma vez que muitas receitas continham encantamentos que deveriam ser recitados durante a preparação e ingredientes como minhocas, urtigas e sangue.


Em 1603, quando os Stuart ascenderam ao trono de Inglaterra, refutou-se com força o antigo argumento «alterar a imagem que Deus nos deu» com uma lógica muito do tempo. Se uma mulher fora criada em estado de perfeita beleza, o que é que tinha de mau tentar vencer os defeitos trazidos pela queda de Adão e Eva?


Segundo uma balada popular, o rei Jacobbo I «tinha na sua corte um rebanho de criaturas pintadas». Os homens costumavam mostrar-se com leques, luvas perfumadas e caracóis atados com fitas de seda. A indústria cosmética floresceu. Da Itália vinham perfumes e «joaninha», uma tinta vermelha brilhante feita de corpos secos destes insectos – fêmea esmagados. A Índia produzia curcuma amarela e almíscar. A Holanda, óleo de jasmim de alperce e pós de Paris. Os fabricantes de vidro lutavam ardorosamente pelo mercado de espelho.


Com o século XVII mais adiantado, os cosméticos tornaram-se ainda mais extravagantes. Pensa-se que as atenções com que o rei Carlos II brindava a cosmética, Nell Gwynn inspirava a mulher do seu tempo a imitar a exagerada maquilhagem teatral. Carlos estava cansado com uma beleza Portuguesa, Catarina de Bragança, cuja pele lamentavelmente, não estava nada na moda, pelo escura que era. As caras continuavam a ser pintadas de branco, os pómulos a ser tingidos de vermelho e as sardas e sinais tapados com remendos em forma de estrela e de meia-lua. Ainda se utilizavam máscaras em público. Quando Carlos e a sua corte voltavam do exílio na França, levavam com eles as modas parisenses. Em 1665, o doutor inglês Thomas Geamson publicou o primeiro guia do enfeite cosmético: embelezamentos artificiais ou as melhores instruções artísticas para preservar ou conseguir a beleza. Quando aumentou o preço dos cosméticos, as próprias mulheres passaram a fabricá-los, utilizando por vezes substâncias tóxicas que estragavam permanentemente belas caras.


Havia charlatães que vendiam loções miraculosas. O barão de Rochester, químico amador, armava-se em médico e prometia que, com uma poção sua, cujo segredo vinha de Itália, as mulheres de quarenta pareciam ter apenas quinze. A sua publicidade advertia que «pode-se olhar para a boca de um cavalo e a cara de uma mulher… e saber a idade que têm, mais ano menos ano». Garantia que os seus remédios não estragavam a cútis e que libertavam a pele de «pontos, sardas, borbulhas e marcas de varíola».


No século XVII os caprichos de um monarca voltaram a impôr novas regras na moda capilar. Luís XIII, abençoado com cabelo abundante durante a juventude, começou, com a idade, a ficar careca. Em 1624, pôs uma peruca e, em pouco tempo, toda a França passou a usar cabelo postiço. Luís XIV, o Rei – Sol, em França, sofria do mesmo mal e começou a usar uma peruca com enormes quedas de caracóis em cascata, quando tinha trinta e cinco anos de idade. Diz-se que, durante a sua vida, ninguém, a não ser o barbeiro, Binette, o viu sem peruca. Os homens da alta sociedade usaram perucas durante mais de um século. O incremento das perucas fez com que as barbas entrassem em declínio de popularidade. Por volta do fim do século, todas elas desapareceram sob a navalha. Mesmo quando mantidas, os seus nomes, no século XVII, sugeriam a redução no tamanho: agulha, estilete e T Romano. Em 1698, Pedro, o Grande, tentou acabar com as barbas na Rússia, impondo uma taxa a quem as usasse. Os cobradores de impostos das cidades Russas tanto mandavam parar os nobres como os camponeses. Um homem saudável podia pagar aproximadamente 45 dólares para poder ficar com a barba. A taxa de uso de barbas para os camponeses era de cerca de três cêntimos.


Os penteados das mulheres, que já eram altos no início do século XVII cresceram ainda mais em tamanho, por volta do fim do século. Qualquer caracol ou madeixa tinha um nome. Pequenos caracóis junto às orelhas eram chamados «confidentes». Crève-coeurs (os destruidores de corações) designavam caracóis pendurados na nuca. As madeixas pendentes nas têmporas eram designadas por «favoritas». As mulheres moldavam o seu cabelo e o cabelo de outras pessoas em estruturas de arame «toucados». Eram necessários enchimentos, óleos e uma gordura brilhante «brilhantina» para manter os cabelos elaborados e estilos no lugar. Um estilo popular, o Fontage, surgiu por acidente. Enquanto cavalgava com Luís XIV, a sua amante, a duquesa de Fontage, teve a infelicidade de o seu penteado se desmanchar. Atou, então, o cabelo com uma liga, num improviso que deleitou o rei. Em breve, as mulheres mais badaladas da França usavam torres desgrenhadas de cabelo com fitas, imitando o penteado improvisado pela duquesa.

Renascimento

Itália foi o marco de um novo conceito de beleza, desenvolvendo também novas tendências artísticas, literárias, científicas e principalmente estéticas.


O Renascimento herdou uma desconfiança fundamental do corpo, da sua natureza efémera, dos seus apetites perigosos e das suas inúmeras fraquezas.


A Europa do século XVI viria a caracterizar-se tanto por uma vaga de puritanismo e de vergonha em relação ao corpo, à sua aparência e à sexualidade, como viria a celebrar-se pelo seu culto da beleza e pela redescoberta do nu.


Nesta época, a mulher decidiu sair da obscuridade e revelar-se mais, visto que na Idade Média, muito pouco podia fazer, decidiu agora vir com novas exigências, principalmente a nível do seu aspecto.


Higiene – Banhos


O asseio e a higiene pessoal são conceitos relativos que sofreram uma transformação radical entre os finais da Idade Média e o século XVIII. Dependendo outrora de banhos regulares e do luxo das saunas, a higiene corporal veio nos séculos XVI e XVII a transformar-se numa questão a que a água era alheia, e onde a limpeza da roupa branca substituía a limpeza da pele.


O Renascimento italiano pode ter sido responsável pela divulgação em toda a Europa, dos ideais clássicos de perfeição física e espiritual, assim como de uma reabilitação neoplatónica do amor e da beleza, mas foi igualmente na península italiana que o duplo flagelo da peste e da sífilis atingiu o resto da Europa, provocando o encerramento da maior parte dos banhos e a rejeição da água na higiene corporal.


O receio da água deu origem a uma série de substitutos, tais como os pós e os perfumes, que criaram uma nova base de distinção social. Mais do que nunca, a limpeza passou a ser prerrogativa dos ricos.


Passou também, a ser dada mais atenção às partes do corpo que se apresentavam descobertas, como a cara e as mãos, sendo então a água utilizada para a sua higiene.


Mas no geral, ainda no século XVI, a preocupação com a higiene pessoal foi deixada de lado, o que contribui para o crescimento do uso de maquilhagem e perfumes.


Como mantinham a sua higiene?


A higiene baseava-se em usar roupa lavada até ficar suja, pois tinham a ideia de que a roupa absorvia a sujidade.


Os dentes eram lavados com um produto 100% natural: urina, cinzas ou saliva.


A roupa não era lavada, mas sim sacudida e carregada de perfume. As mãos eram lavadas apenas de 3 em 3 dias, e a face era limpa com clara de ovo ou vinagre para aclarar e amaciar a pele.


A sujidade era escondida com doses enormes de maquilhagem.


Para evitar o mau cheiro nas axilas, embebiam a pele com trocisco de rosas.


Cosméticos


Durante esta época a figura feminina passou a ter mais valor, e a utilização excessiva do perfume devia-se à falta de higiene. A actividade social obrigava a que houvesse um cuidado pessoal maior.


Nesta época, descobre-se também o álcool, extractos essenciais, princípios orgânicos cristalizados, óleos, etc... ficando a alquimia como um ponto alto, visto que a cosmética beneficia cada vez mais com o seu desenvolvimento.


Várias cidades europeias tornaram-se centros produtores de sabão, que era considerado um produto de luxo, usado apenas por pessoas ricas.


Nos finais do século XVI o uso do pó de arroz tornou-se uma condição necessária de limpeza. Os pós perfumados e coloridos tornam-se então parte integrante do arranjo diário dos ricos. Este acessório proclamava a limpeza, o estatuto social de quem o utilizava.


A preocupação com o aspecto fez com que as mulheres nobres usassem durante o dia alvaiade, e à noite cobrissem a cara com emplastros de vitelo cru molhado no leite afim de minimizar os efeitos nocivos causados pelo alvaiade.


Alvaiade: composição feita para aclarar a pele; misturas de giz, pasta de vinagre e claras de ovos.


Utilizavam-se também luvas perfumadas, usadas apenas pelos nobres da Corte Europeia.


Esta excessiva forma de uso de fragrâncias proporcionou a profissionalização da actividade do perfumista.


Entre o século XV e XVI, os óleos essenciais continuaram a influenciar a saúde e a felicidade. Pois porque se alguns perfumistas criaram aromas sedutores, bem como mortíferos venenos, as essências serviram também como boa causa de lutar contra infecções.


A vida social na corte fez com que a mulher se sentisse necessitada de melhoramentos estéticos, por isso, já em meados do século XV, por toda a Europa começaram a surgir livros de “segredos” e de receitas de perfumes e cosméticos, reforçando e enriquecendo uma tradição oral que se transmitia de mãe para filha, e entre os boticários, de pai para filho.


Quem os lia eram as mulheres de uma certa posição social, suficientemente instruídas para saberem ler.


Alguns livros também forneciam receitas alternativas de cremes destinados a tornar o rosto branco, ou de pinturas para dar às maçãs do rosto um tom rosado, reservando certos ingredientes, como as pérolas, a prata e as pedras preciosas para os que podiam comprar, sugerindo ao mesmo tempo, componentes mais económicos para os menos ricos.


As diversas receitas preenchiam uma de duas funções: corrigir defeitos existentes ou melhorar a natureza da pele.


O corpo


O Renascimento não foi só um período em que as mulheres das classes dominantes se distinguiam das que lhes eram socialmente inferiores pelas suas formas mais nutridas e pela brancura imaculada da roupa interior, mas também um período em que se tornou mais importante que as mulheres fossem “diferentes” dos homens, tanto na forma de vestir como na aparência e no comportamento.


As mulheres manifestaram uma tendência para se vestirem de forma mais pudica. Os seus vestidos compridos e volumosos, revelavam uma cintura torneada ainda mais delgada pelo uso do espartilho, e, quando os costumes mais liberais o permitiam, podiam mesmo exibir um peito leitoso e adequadamente empoado e pintado com rouge.


O neoplatismo renascentista veio atribuir um novo valor à beleza ao reconhecê-la como sinal exterior e invisível de uma “bondade” interior e invisível. A beleza já não é considerada um trunfo perigoso, mas antes um atributo necessário do carácter moral e da posição social.


Ser bela tornou-se uma obrigação, já que a fealdade era associada não só à interioridade social, mas também ao vício. O invólucro exterior do corpo tornou-se um espelho no qual o íntimo de cada um ficava visível para todos.


Nesta época, cânones da beleza feminina e o modelo ideal de mulher sofreram várias transformações: de esbelta a roliça e de natural a pintada. A silhueta e o rosto femininos foram correspondendo às diferentes condições de dieta, de estatuto e de riqueza, dando origem a novos padrões de aparência e gosto, a novos ideais de beleza e erotismo.


O ideal medieval da dama aristocrática graciosa, estreita de ancas e de seios pequenos, deu lugar nos finais do século XV e durante o século XVI, a um modelo de beleza feminina mais roliça, de ancas largas e seios generosos, que se iria manter até finais do século XVIII.


O corpo e a beleza física ganharam importância histórica a partir do final da Idade Média com a Renascença.


A beleza através dos Tempos


O que torna uma pessoa feia ou bela é na verdade um mistério. Mas cada lugar e cada época estabelecem critérios para definir a aparência desejável às pessoas, ainda que muitas delas superem esses critérios por causa da sua personalidade, da sua segurança, da sua capacidade de adaptação ou do seu poder.

domingo, 8 de junho de 2008

Idade Média

O próprio conceito de «Idade Média» é difícil de definir visto que compreende uma dezena de séculos que ninguém parece conseguir situar, dado que se encontra entre dois períodos bem definidos, a queda do Império Romano e o Renascimento.


O pensamento Grego que consistia no equilíbrio, na unidade entre o sujeito e o objecto, não só autorizava como solicitava uma estética, mas esta filosofia foi substituída pela ascensão do pensamento Cristão. Segundo o ideal Cristão era preciso «matar» tudo o que era sensível e sensual no Homem.


Os líderes religiosos manifestavam a sua indignação contra o uso de adornos ou maquilhagem, que era Peste Bubónicaencarada como uma força maléfica e sinal de impureza.


As mulheres foram completamente apagadas enquanto seres sensuais.


A higiene geral era praticamente nula nesta época, factor contributivo para o desenvolvimento das pestes (exemplo: Peste Bubónica).


Os primeiros cristãos iconoclastas não perduraram, e no século XIII houve um compromisso com o mundo, então as Damas insurgiram-se contra a Igreja e começaram a ter interesse pela sua imagem. Os enfeites começaram também a ter sucesso.


A Igreja acabou por perder a guerra contra a sua adversária «Cosmética».


Um dos actos mais básicos da nossa higiene é o banho diário, mas nem sempre foi assim...


Os banhos além de raros, eram por regra tomados com uma camisa geralmente branca e fina a cobrir o corpo. Estes na maior parte das vezes eram tomados nas estufas ou banhos públicos, locais que eram procurados para obtenção de prazer e libertinagem, e não por uma questão de higiene, dado que na altura acreditava-se que a água fragilizava a pele permitindo a entrada de pestilências, mas por outro lado já nessa altura existiam banhos terapêuticos, cujas virtudes eram detalhadas num letreiro colocado em cada banho; aí também afluíam doentes, deficientes e estropiados. Cada banho tinha uma fonte de água fervente e uma de água fria, e cada sala era fechada e isolada das restantes, em divisões anexas era permitido repousar após os tratamentos, e até fazer uma massagem. No final da idade Média, homens e mulheres lavam-se com mais frequência que os seus descendentes (Renascimento).


No século XIV dava-se grande ênfase à lavagem das mãos antes e depois das refeições, à lavagem diária da cara e boca. Os dinamarqueses, por exemplo eram criticados por tomarem banho todos os Sábados, mudarem de roupa com frequência e pentearem os cabelos todos os
Entrada para os banhosdias.


A lavagem da roupa era feita de tempos a tempos em barrela, eram perfumadas com uma grande quantidade de flores de violeta e humedecidas com água fresca na qual se tinha macerado raiz de íris finamente triturada.


Cuidados com o cabelo:


Utilização de pente e tesouras (estes também utilizados na barba)


Para devolver o loiro a cabelos embranquecidos, era necessário cobri-los durante uma noite com uma pasta feita com cinza de vara de vinha e de freixo maceradas e cozidas durante meio-dia em vinagre.


Para clarear as madeixas era feita a decocção de lagartos verdes num óleo de noz e enxofre.


Existia a moda de possuir uma testa alta, de modo que eram utilizados ingredientes como sulfureto de arsénio, cal viva, unguentos (medicamentos cuja base é gordura), feitos de cinza de ouriço, sangue de morcego, asas de abelha, mercúrio e baba de lesma para depilar, polir e branquear a testa.


Aromatização dos cabelos com almíscar, cravo-da-índia, noz-moscada e cardomia.


Cuidados com a boca:


Para manter um bom hálito era preciso ingerir ao pequeno-almoço anis, funcho, cominhos ou alcaçuz.


Para branquear os dentes era utilizada a sálvia.


Cuidados com as mãos:


Embelezamento de mãos e unhas, estas não deviam de ultrapassar a carne.


Depilatórios:


Os tratados de medicina da altura explicam que o pêlo é a condensação de vapores grosseiros e que o excesso da humidade feminina que não se escoa naturalmente transforma-se em musgo, que é preciso suprimir.


Assim a depilação era feita através de:


Extracção de pêlos com pinças


Extracção de pêlos com a ajuda dos dedos untados com pez


Extracção dos pêlos com agulhas em brasa introduzidas no folículo piloso


Destruição dos pêlos com cal viva


Extracção dos pêlos com bandas de tecido untadas com depilatórios diversos como por exemplo, resina.


Cuidados com o rosto:


Para aveludar a pele utilizavam clara de ovo e vinagre


Açafrão e carmim para colorir os lábios


Carmim para colorir as maçãs do rosto


O negro da fuligem para escurecer as pestanas


O khol para realçar os olhos; risco que é feito nas pálpebras junto às pestanas (costume introduzido pelos árabes)


O rosto era pintado de branco, alvaiade (misturas de giz)


Emplastros de vitelo cru molhado em leite eram colocados à noite, para minimizar os efeitos nocivos do alvaiade.


Eram ainda utilizados produtos como excrementos de pássaro, cobras trituradas, e sangue de animais para a realização de cosméticos. Sumo de uva concentrado; óleo de oliva, amêndoa e girassol; creme de amêndoa silvestre (bálsamo que irrita a pele).


«Uma Dama adquire uma má reputação se não se mantiver limpa – uma postura cuidada e agradável vale mais do que uma beleza negligenciada». Robert de Blois


É de notar que a presença dos Árabes impulsionou o mundo da cosmética, através das suas técnicas, matérias-primas, cultura e sabedoria.


Foram estes os pais da ciência conhecida como alquimia, os inventores do alambique, e devido à sua relação com a estética corporal, parte dos seus hábitos passaram a ser os dos Europeus.

Cont.Africano

No que compete ao historial estético africano, poucos são os recursos que nos permitem determinar algo com convicção e credibilidade. Muitas foram as pesquisas e buscas de remotos índices que nos levam a estudar a estética no continente africano. Desta forma, conjugando religião e sobrevivência, concluímos que os africanos se mantiveram ligados desde sempre à natureza no seu estado primitivo. Apesar da variedade de povos e padrões de beleza, as técnicas eram muito similares. Sendo assim, o contributo africano para a estética é sobretudo o uso da terra no seu estado primário, das plantas e máscaras.


Como é do senso comum de todos nós, a vida tribal obrigou ao contacto com a dor: dor de andar com os pés descalços, de sentir fome, de ter a pele em constante choque contra os arbustos e outras superfícies rugosas. As mães africanas descobriram que massajando os seus filhos com veemência, não só diminuíram a sua susceptibilidade à dor, como estimulavam um sono profundo, pois com a massagem os bebés relaxavam.


Para lavar, e mais, branquear os dentes, as tribos africanas friccionavam bastonetes de raízes, como por exemplo a mamola, que ainda hoje é utilizada. Para perfumar o hálito mascavam tabaco, entre outras substâncias vegetais.


O acto de lixar os pés para estes ficarem mais suaves, é também um hábito africano. As mulheres costumavam esfregar os calcanhares com pedras do rio para evitar que gretassem, uma vez que andavam quase sempre, ou mesmo sempre descalças,


Os Massai eram uma das muitas tribos africanas. Um casamento Massai durava exactamente oito dias. A noiva ficava presa numa cabana feita de madeira e esterco de animais, e durante este período tomava diversos banhos, recebia massagens e fazia máscaras de argilas e de plantas. No oitavo dia a noiva saía da cabana para se juntar assim ao seu noivo, passando apenas a partir daquele momento a morarem juntos.


Fazendo a ponte à época actual, as máscaras de argila, são hoje em dia, usadas em diversos tratamentos de rosto e de corpo, dado o seu potencial mineral e purificador. Por esta mesma razão as mães africanas, quando grávidas comiam terra, pois sabiam que esta faria bem ao feto e a elas próprias.


Entre as pequenas sociedades não científicas, a magia e a feitiçaria constituíam parte essencial da vida quotidiana. Nesse género de mundos, era normal acreditar que infelicidades como a doença e os acidentes eram causados por potências que tomavam forma de espíritos. Também era habitual que as pessoas consultassem estes espíritos para conhecerem o motivo por que ocorreu um determinado mal e o que devia ser feito para o remediar. Por vezes existia uma pessoa - o Xamã - encarregada de o fazer. Geralmente, era necessário efectuar uma oferenda ou um ritual. Também era normal o uso de amuletos para proteger do mal. É muito provável que os primeiros homens tenham praticado a magia para determinar as melhores alturas e os melhores locais para caçar, a melhor maneira de curar doenças; mas subsistem poucas provas.


Quanto ao papel espiritual e médico, este cabia então aos chamados Xamãs. Para as suas práticas de cura usavam o que a natureza lhes oferecia: plantas, argila água e animais. Como forma de destaque em relação à sua importância social, os Xamãs usavam máscaras exuberantes como podemos observar na foto seguinte.


Este Xamã africano serve-se de uma cobra e de alguns ossos para predizer o futuro.


Este Xamã está a executar a dança do demónio, uma cerimónia religiosa da costa ocidental africana. Os trajes complicados, imitando animais, são característicos destas cerimónias.


PARA TER BOA SAÚDE. Esta pequena figura vermelha é feita de uma combinação de madeira, osso, couro, tecido e cascas de noz. Era usada entre o povo Nte’va do Congo Superior para “ vigiar o corpo”, ou seja, para proteger da doença.


Apesar dos escassos recursos de pesquisa existentes da estética africana, podemos mesmo assim concluir que a estética tem vindo a ser uma constante em todas as sociedades, desde os tempos mais remotos ao futuro mais avançado.


As tribos da antiguidade, neste caso específico, as tribos africanas usavam a estética das mais diferentes formas e meios, sem qualquer base ou fundamento científico, para as mais variadas situações.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Cont.Americano

América


No continente americano existiram 3 civilizações: os Maias, os Astecas e os Incas. E, como em qualquer outra parte do mundo, também estas civilizações tinham técnicas de embelezamento próprias.


Maias


Descobriu-se que os Maias faziam saunas, cuidavam das unhas e dos cabelos e utilizavam maquilhagem.


Os Maias também usavam plantas que actualmente possuem propriedades curativas até mesmo de alguns cancros bem como óleos ainda hoje utilizados pelas esteticistas em vários tratamentos.


ASTECAS


Tal como os Maias, os Astecas também tiravam partido das propriedades terapêuticas de algumas plantas. Eram apreciadores de perfumes e já efectuavam limpezas de corpo. Para se observarem utilizavam espelhos em ouro


INCAS


Os Incas utilizavam unguentos para protecção da pele contra o frio e contra o sol. Efectuavam massagens durante as quais mastigavam e fumigavam plantas estimulantes tais como a coca (Erytroxylon coca). Os índios também se depilavam com uma mistura de cinzas de conchas, gordura e água. Para lavar os dentes, curar doenças e manter o corpo perfumado recorriam a alguns tipos de plantas.


OUTRAS TRIBOS AMERICANAS


Máscara retrato de Haida


Na região costeira do Pacífico Norte os dançarinos usavam máscaras de madeira esculpida. Algumas destas máscaras, como este exemplo de Haida de meados do século XIX, assemelhavam-se a rostos humanos enquanto outros tinham a forma de criaturas sobrenaturais. Esta máscara é pintada com linhas de largura variada que enfatizam partes diferentes do rosto.


Máscara Iroquois


Esta máscara Iroquois, “falsa-cara”, é feita de madeira esculpida de uma árvore viva. Tais máscaras eram usadas por sócios da Sociedade Falsa Cara, uma sociedade curativa.


Ornamentos


Às vezes usavam pinturas para decoração do corpo ou adornavam as faces (ambos os sexos), com tatuagens embora esta prática não fosse muito usual nesta cultura do sudeste americano.


Tatuagens


A tatuagem era um método de decorar a pele inserindo substâncias coloridas por baixo da sua superfície. A pele era perfurada com um instrumento afiado. Actualmente a tatuagem ainda está muito vulgarizada mas o instrumento afiado foi substituído por uma agulha eléctrica.


Chefe Maori tatuado


As tatuagens eram usadas para indicar o grau hierárquico de quem as possuía e eram efectuadas esfregando tinta em incisões feitas na pele. A imagem mostra um chefe Maori, Te Ahol Te Rangi Wharepu, ricamente tatuado (1907).


Formato do crânio


Alguns povos da Costa Noroeste praticavam o achatamento da cabeça, considerando um sinal de beleza e status. As crianças deviam ter a cabeça comprimida contra uma tábua para produzir um forte declive conduzindo a um alto distintivo no topo do crânio. Alcançava-se esta forma aplainando a parte posterior do crânio ou a testa sobre as sobrancelhas.


Subártico


Nesta zona da América era comum os povos colorirem a cara com ocre vermelho com um bordo preto ou com tatuagens.


Corantes e frutos


Os corantes são a maior parte das vezes utilizados em solução aquosa, vindo em primeiro lugar o ocre vermelho, o carvão de madeira, as terras brancas, os sumos de frutas. Triturados numa pequena mó, diluídos em água ou óleo, os pós minerais e o carvão são apurados sobre o corpo para traçar desenhos quase sempre com um sentido religioso, para pintar as armas e os objectos de uso diário e para colorir o reboco das habitações.


Na América Central e Meridional, há paralelismo entre a gama das aplicações de olaria, as pinturas corporais e as substâncias tintoriais.


As grandes gamas de corantes minerais ou vegetais são americanas.


As características formais dos românticos deram ênfase à expressividade da luz, ao traço orgânico e às cores vibrantes que enalteciam o sentimento apaixonado de uma estética oposta à precisão e nitidez fria e exemplar do neoclassicismo. O paradigma da emoção sobre a razão valorizou ainda a beleza da mulher indigna, aspectos religiosos e morais, a bravura e a pureza da alma humana.


Na América Central e do Norte, durante algumas escavações, encontraram-se sementes de ervas medicinais e pedras para moer (a antiga ferramenta farmacológica) datada do ano 3000 a.C.

China

A civilização chinesa é uma das mais antigas do mundo. Pois esta é a única a sobreviver continuamente no tempo, mantendo a sua cultura e tradição praticamente intactas.


Os chineses pensavam que a melhor forma de viver não consistia em modernizar-se, mas em repetir arquétipos do passado.


O país com a mais longa tradição nas ervas é a China. Em 1578, Li Shizhen completou o seu “Compêndio de Matéria Médica”, onde listou 1800 substâncias medicinais e 11.000 receitas de compostos, constituindo-se como uma das mais ricas fontes de conhecimento, sobre esta matéria, alguma vez escritas. Estes conhecimentos básicos encontram-se presentes na cosmetologia dos dias de hoje.


Esta obra teve uma grande importância para o desenvolvimento da Medicina tradicional Chinesa.


Os chineses utilizavam extractos aromáticos nas suas cerimónias religiosas, queimando madeira e incenso para mostrar respeito pelos deuses e deusas. Uma tradição que ainda hoje se pratica. Mais especificamente no campo da massagem, a cultura Chinesa tem uma longa tradição na destilação de óleos essenciais e no uso de extractos aromáticos. Os monges Taoístas acreditavam que a extracção de fragrâncias de plantas, representava a libertação da sua alma e tal como outras culturas, utilizavam uma única palavra para designar o perfume, o incenso e a fragrância, essa palavra era “heang”. A escolha e a aplicação do “heang”, dependia do tipo de estado estético que se pretendia atingir, subdividindo-se em seis estados: tranquilo, recatado, luxurioso, belo, refinado e nobre. As classes mais abastadas da China, faziam um uso extensivo das fragrâncias durante as dinastias “Tang”, que tiveram início no século VII d.C. e continuaram até ao fim da dinastia “Ming”, já no século XVII. Os seus corpos, banhos, roupas, casas e templos, encontravam-se impregnados de fragrâncias, pois era comum utilizarem tintas, papel, cosméticos e sacos perfumados no interior das suas roupas. A China importava extractos, um pouco de todo o mundo: óleo de Sésamo com essência de Jasmim da Índia, água de rosas da Pérsia e gengibre da Indonésia. A maior parte destes extractos, eram usados como curativos para as mais diversas doenças.


O Imperador Amarelo, Huang Ti, há 4500 anos, formalizou a Teoria Médica no “Nei Ching”, que aborda desde o funcionamento dos órgãos internos até à importância do equilíbrio emocional.


A Medicina Tradicional Chinesa é uma ciência que explora os recursos disponíveis na natureza, como forma de tratamento para diversas doenças.


O primeiro documento escrito sobre a arte de massajar, foi descoberto na China e data o ano de 3000 a.C. A massagem oriental chinesa é um método terapêutico manual que baseia-se na aplicação, em pontos específicos do corpo humano, de pressões, de forma a eliminar a fadiga, de criar sensações agradáveis e a estimular as defesas naturais do organismo. Neste tipo de massagem, usam-se as mãos e principalmente os polegares, que são usados para pressionar determinados pontos, com excesso ou falta de energia. Podendo, também esta massagem ser designada de acupressura, ou seja, pressão manual nos pontos de acupunctura.


Dentro da Medicina Tradicional Chinesa, temos terapias como:



Acupunctura: A acupunctura é, sem dúvida, uma das formas de tratamento mais antigas do nosso planeta. Foram os chineses que sistematizaram e divulgaram essa técnica até ao século XX, graças à invenção do papel e da imprensa. Esta, é uma técnica de tratamento que consiste no estímulo de determinados pontos da superfície da pele, Neste processo, podem ser utilizadas agulhas, ventosas, massagens. Existem vários tipos de acupunctura: acupunctura auricular, electro-acupunctura e acupunctura sistémica.


Moxabustão: A palavra “moxa” em chinês é formada por dois ideogramas que significam “longo tempo” e “fogo”. A moxabustão consiste, no processo de cauterização de uma pequena quantidade de uma erva medicinal conhecida como Artemisia, colocada sobre certos pontos de acupunctura com a produção de calor penetrante.


Ventosaterapia: Esta é uma técnica, que através de recipientes de vidro ou plástico promove a sucção na pele e nos músculos superficiais. Esta sucção elimina as aderências entre a pele e a musculatura, activando a circulação, descongestionando e desobstruindo assim o fluxo de energia nos meridianos.


Tui Na: O Tui Na é um conjunto de técnicas manuais vigorosas, onde o terapeuta usa os seus dedos, mãos, punhos, cotovelos, antebraço e joelhos nos pontos de Acupunctura e nos Meridianos. As técnicas disponíveis também podem abranger manipulações articulares e incluem outros recursos acessórios, como a ventosaterapia e a auriculoterapia.


Do-in: Esta técnica caracteriza-se pela pressão de determinadas regiões do corpo, e é utilizada para prestar primeiros socorros, para tratamento de saúde, como prevenção de doenças de stress, para relaxamento, consciência corporal e harmonização interior.


Mas para além da medicina na China, também a preocupação com a beleza física, estava presente no quotidiano.


O costume de pintar as unhas nasceu na China, no século III a.C. As cores de esmalte indicavam a classe social do indivíduo. Os primeiros vernizes de unhas eram feitos de goma arábica, clara de ovo, gelatina e cera de abelha. Os reis pintavam as unhas com as cores preto e vermelho, depois substituídas pelo dourado e pelo prateado.


Na China, existia também uma prática, bastante cruel, que eram os “pés pequenos”.


Nesta prática, os pés femininos eram moldados de forma a ficarem com o máximo de 10 cm, para isso os pés eram amarrados aos 3 anos de idade e apenas aos 13 anos, quando se casavam, eram retiradas as ataduras.


Desta forma, a mulher aparentava uma fraqueza, quase que doentia, o que fazia dela uma mulher bonita. Esta era a preferência daquela época.


Posteriormente, na dinastia Tang, a mulher ideal era voluptuosa e com aparência saudável.


As normas para qualificação da beleza das mulheres variam de geração em geração. Mas, existiam 10 normas comuns: cabelo preto, brilhante e bem penteado. As sobrancelhas finas, bem pintadas e adornadas. Os olhos grandes e brilhantes que podiam expressar o mundo interior, lábios vermelhos e dentes brancos ordenados.


Deste modo, a civilização chinesa espalhou as suas influências por todo o planeta e muitas delas perduram até aos dias de hoje.

Índia

É na Índia que nasce a medicina ayurvedica, uma das mais antigas ciências da saúde, há cerca de 5000 anos atrás.


Ayur significa vida e saúde, e, veda conhecimento. Frequentemente é lembrada como a “mãe de toda a saúde”, visto que dela muitas formas de medicina surgiram.


Esta filosofia de vida foi tradicionalmente passada de mestres para discípulos, perdendo-se com isto, grande parte dos conhecimentos desta tradição de cura, já
que pouco era documentado.


A medicina ayurvedica era considerada também uma tradição familiar e não sendo partilhados os seus segredos, com pessoas exteriores ao núcleo familiar.


O ayurveda ensina que o homem é o universo dentro de si mesmo, composto de corpo, mente e espírito, ou seja, físico, emotivo e energético, e que o estado de saúde reflecte a harmonia dinâmica entre estes três factores.


É um sistema aplicável universalmente a todos que buscam paz e harmonia interiores.


Esta massagem é feita com óleos, ervas, fragrâncias e pós, e a estes está associada a teoria dos chacras e dos cinco elementos (terra, fogo, ar, água e madeira). A palavra chacra provém do idioma Sânscrito e significa roda ou disco. Pode comparar-se os chacras como uma espécie de esferas de energia que se expandem dos gânglios nervosos centrais da coluna e enviam energia a todo o organismo.


Existem sete chacras


1º Raiz ou Básico
2º Esplénico
3º Plexo Solar
4º Cardíaco
5º Laríngeo
6º Frontal ou 3º olho
7º Coronário


Estes chacras quando em equilíbrio, mediante a constituição do indivíduo, o resultado é o de um organismo em perfeita harmonia.


Além da massagem ayurvedica, os Indianos conseguiram também desenvolver técnicas de aromoterapia, através da obtenção de óleos essenciais, presentes em quantidades bem pequenas em todas as plantas, estes óleos são a sua força vital. Cada um deles tem um efeito curativo próprio, específico, que ajudam o organismo humano a restabelecer a harmonia nas suas diversas funções e devolver o equilíbrio entre corpo e mente.


Como possuem moléculas menores que os óleos sintéticos e minerais, os óleos essenciais são absorvidos pelos poros, penetrando na corrente sanguínea e são metabolizados pelo organismo.


Os Indianos possuem cerca de 1.700 substâncias naturais, mas para uso diário apenas utilizam aproximadamente 600 dessas substâncias, grande parte de natureza vegetal.


Exemplos: Essência de lavanda – extraída das flores;
Essência de alecrim – extraída das folhas;
Essência de canela – extraída das cascas;
Essência de erva-doce – extraída das sementes;
Essências de mirra – extraída das resinas;
Essências de laranja e vergamos – extraída das cascas;
Essências de retiver – extraída das raízes.



Na Índia eram também utilizados produtos animais, como por exemplo, pérolas, conchas, crina de cavalo, e sanguessugas.


Os minerais também fazem parte da vasta gama de substâncias, dos quais fazem parte por exemplo a pirita para acelerar a consolidação de fracturas e a calamina para cicatrizar feridas e queimaduras.



Tatuagem de Hena


Na cultura hindu, a hena é usada em todos os grandes festivais. Nos casamentos, as noivas enfeitam as mãos e os pés como sinal de boa sorte. No oriente, a lawsonia inermis (árvore de onde se extrai o pó das folhas) – a popular hena – é conhecida não só pelos efeitos cosméticos, mas principalmente pelas suas propriedades terapêuticas, como a acção antibiótica e protectora da pele.


A tatuagem de hena é feita com um cone que parece uma bisnaga de pasteleiro. Depois de acabada, passa-se um pedaço de algodão embebido numa mistura de sumo de limão com açúcar.


Por causa do sumo, a pessoa não pode apanhar sol, para não correr o risco de manchar a pele. A pessoa tem de ficar cerca de seis horas sem lavar o local para o resultado ficar bom. Quando a tinta seca, transforma-se numa casquinha e a figura está por baixo. Depois de algumas horas, lava-se a pele, e o desenho aparece, na cor castanha ou preta. Dura de uma a duas semanas.

Roma

Roma, primeiramente foi uma república durante centenas de anos mas desmoronou com as guerras civis em busca sempre do poder máximo que foi atingido por Augustos que trouxe com ele o poder de um imperador, deixando para trás a república e fazendo de Roma um império, sendo com isto o 1º Imperador.


Com esta mudança a estética também teve grandes alterações e evoluções, pois se antes, da república havia mulheres pintadas ou enfeitadas, estas não eram consideradas mulheres de bem perante os Romanos, mas com a sua queda a mulher passa a cuida-se muito mais e em demasia. Isto sucedia-se tanto em mulheres como em homens. Estes enfeitavam e penteavam os seus cabelos, cuidavam da pele e da higiene.


Segundo muitos cidadãos do império romano, a limpeza do corpo era o primeiro passo para a decadência e associavam a limpeza aos banhos públicos, cuja a entrada era de baixo custo ou mesmo gratuita.


As termas eram para pobres e ricos, frequentavam-nas por motivos sociais onde conviviam e divertiam-se, por esse motivo, os ricos deixavam os seus banhos privados e luxuosos que se assemelhavam a piscinas interiores, para irem a banhos públicos para socializar. Distinguiam-se desta forma pela presença de escravos que os ajudavam a vestir e despir as vestes que ostentavam, massajavam com óleos, limpavam o seu corpo e colocavam no fim dos banhos perfumes raros e caros.


Foi na Roma que nasceram as termas pois os banhos eram muito frequentes como que um ritual em que primeiro começavam nomeadamente por fazer exercícios de aquecimento (jogos de bola) para transpirar, ou até mesmo jogos de tabuleiro para lazer. De seguida limpavam o corpo com óleos, entravam nos banhos quentes e saunas e por fim refrescavam-se em banhos frios.


A mulher romana era extremamente refinada. As receitas de beleza eram uma obsessão com o cuidado da pele. Utilizavam portanto:


- Excrementos de crocodilo dissecados que posteriormente eram misturados com água perfumada;
- Tomavam banho com leite de burra para aumentar a frescura e a beleza da pele;
- De noite, antes de se deitarem aplicavam sobre o rosto uma máscara de sopas de pão amassado com leite de burra;
- De manhã limpavam a cara com leite recém ordenhado, e de seguida pintavam as pálpebras com antimónio;
- Colocavam pomada de gordura de pato; unguento rosado de aranha amassada;
- Para suavizar o rosto utilizavam carmim misturado com óleo extraído da lã dos cordeiros;
- Usavam pó verde (malaquite) e pó refra (galena) para a pintura dos olhos;
- Utilizavam pó de alabastro, pó de natrum, sal misturado com mel que servia para enrijar a carne;
- Produtos abrasivos para clarear os dentes.


Para a maquilhagem estava na moda uma cor pálida que se obtinha com pó de cal ou chumbo branco. Usava-se o ocre para as faces e para colorir os lábios (alguns cosméticos eram venenosos).


Já os seus cabelos para além de muito ornamentados eram esfregados por escravos com uma mistura de pimenta com cabeças e excrementos de ratos, para evitar a calvície.


Contudo a estética com a queda do império romano ficou esquecida ou adormecida.

Grécia

Na Grécia Antiga, Platão foi o primeiro a formular claramente a pergunta “O que é o Belo?”. Para ele a beleza existe separada do mundo sensível, sendo que uma coisa é mais ou menos bela conforme a sua participação na ideia suprema de beleza. Também Sócrates se debruçava sobre o tema da beleza considerando que o Belo era uma concordância observada pelos olhos e ouvidos.


A beleza e o asseio eram para os gregos antigos dois requisitos importantes. Tanto em esculturas como em vasos podemos admirar homens e mulheres vestindo elegantes túnicas de pregas suaves e em poses graciosas. Os jovens cuidavam do corpo mantendo-o apto e forte a fim de se tornarem bons soldados e atletas. A nudez era considerada normal pelos jovens mancebos, que nos jogos olímpicos competiam sempre nus. Após as competições os homens e os rapazes esfregavam-se com azeite para manter a pele flexível.


As mulheres usavam óleos perfumados e evitavam o mais possível expor-se ao Sol, visto o bronzeado não ser considerado belo. As mais abastadas usavam jóias, a maior parte de ouro e prata muito trabalhadas.



A palavra estética surgiu no século XVIII originária do grego aisthesis e significa "faculdade de sentir".


O Cabelo


Os salões de barbeiro surgiram na Grécia Antiga. Conversas sobre política, desporto e eventos sociais eram mantidas por filósofos, escritores, poetas e políticos, enquanto estes eram barbeados, faziam ondas nos cabelos, manicure, pedicure e recebiam massagens. Os cabelos eram principalmente espessos e escuros e eram usados longos e ondulados. É nos frescos de Creta que o rabo-de-cavalo usado pelas mulheres aparece pela primeira vez. Os preparados cosméticos, óleos, pomadas, graxas e loções eram usados para dar brilho e um perfume agradável aos cabelos. Os cabelos loiros eram raros e admirados pelos gregos e ambos os sexos tentavam descolorar seus cabelos com infusões de flores amarelas. As barbas, verdadeiras e falsas, continuaram populares até o reinado de Alexandre o Grande.


Banho


A história do banho e da banheira


Várias civilizações antigas inclusive as clássicas grega e romana, consideravam o asseio pessoal como uma prática saudável e agradável. A tradição foi assimilada pelo islamismo e passando o tempo tomada em conta pelo chamado mundo Ocidental Contemporâneo.


Tanto na Grécia como em Roma o banho resultava em um complicado ritual de cuidados corporais que compreendia em exercícios físicos, massagens com óleos especiais, imersões em águas de diferentes temperaturas, limpeza consciente da pele, a qual finalmente se aplicavam cremes e adereços.


São as chamadas termas romanas, especialmente as de Caracala, os vestígios materiais mais importantes chegados a actualidade para narrar a história do banho entre os humanos, mas as estâncias públicas mais antigas, dedicadas para este fim são as encontradas na cidade índia de Mohenjo-Daro, com mais de 4 mil anos de existência. Outras pistas bem anteriores se localizam nas ruínas do palácio de Cnosos, na ilha grega de Creta, a cidade real egípcia de Tell el-Amarna, primitivos artefactos similares a duches pintados em ânforas helénicas, e o testemunho literário de Homero quando na Ilíada fala de tinas com função de banheiras.



Termas


As primeiras termas surgiram na Grécia Antiga. Considerados lugares protegidos pela divindade, situavam-se perto de ginásios. Os balneários simples rapidamente se transformaram em locais luxuosos, com piscinas em mármore e bocas de água de prata maciça. Os utentes passavam alternadamente por salas de água quente e fria, o que provocava a transpiração que eliminava as impurezas da pele. Por fim limpavam todo o corpo com óleo, que depois retiravam com água perfumada.


Massagem


A massagem era uma prática comum na Grécia Antiga. A massagem era utilizada pela medicina assim como o eram os cataplasmas, tónicos, ar fresco e dietas correctivas. As escolas de topo da Antiga Grécia eram escolas desportivas equipadas com vestiários, balneários, salas de treino, salas de aulas e salas de massagens.


Embora a massagem fosse comum na Grécia destacam-se alguns notáveis que a ela recorriam:


Esculápio ou Asclépio trabalhou em Tessalónica no século V a.C. É mencionado como tendo aplicado a pacientes tratamentos tais como: relaxamentos, dietas, hidroterapia, ervas, massagens e aconselhamento. Utilizava ainda serpentes como ferramentas para curar doentes, daí o símbolo da serpente na medicina moderna. Foi viver para Roma para ensinar oratória acabando por levar consigo a medicina grega. Comida saudável, ar fresco, hidroterapia, aplicações locais para limpar feridas e massagens eram os seus tratamentos de eleição. Ele era conhecido pelo seu senso comum e profundo conhecimento da natureza humana bem como pela invenção do banho de chuveiro. Tornou-se amigo de dignitários como Cícero, Crassos e Marco António e muito fez pela aceitação da medicina grega em Roma.


Hipócrates conhecido como o “pai da medicina”, escreveu no século V a.C.: “Para se gozar de boa saúde, é preciso tomar um banho perfumado e fazer Hipócrates (460-377a.C.)uma massagem com óleos todos os dias.”


Hipócrates considerava que “um médico deve ter muita experiência em muitas coisas mas seguramente em massajar”. Ele defendia que todas as doenças resultavam de causas naturais devendo ser tratadas também de forma natural – alimentação saudável, exercício, dieta, descanso, banhos, ar fresco, massagens, música e convivência com amigos. Hipócrates é frequentemente descrito como holístico, mas, paradoxalmente, é também notável a sua aproximação racional à anatomia, medicina e prognóstico, separando a medicina da filosofia e da religião.



A palavra Holístico vem de “Holos” que significa “Todo”. O caminho da cura encontrado de 4 maneiras: através do corpo físico, do emocional, do mental e do espiritual. Com o intuito de integrar esses princípios e experiências fundamentais surge a Terapia Holística. Esta terapia busca integrar o Todo no Ser Humano.


Galen – de origem Grega, viveu em Roma, onde se tornou uma figura notável no que respeita à massagem. Possuidor de um vasto conhecimento de fisiologia e anatomia graças à experiência adquirida no tratamento de gladiadores e à prática de vivissecações, Galen indicava dietas, prescrevia medicamentos, enfatizava a prática de exercício físico e defendia a massagem no tratamento de mazelas e algumas doenças reconhecendo o seu efeito na eliminação de desperdícios da nutrição e os venenos da fadiga. “A vida” dizia ele “é melhor com moderação – de trabalho, comida, sono, bebida e sexo”. No século II antes de Cristo, registos indicam que o médico grego Galen entre outros gregos conhecidos terá sido o primeiro Europeu a utilizar ímanes para fins terapêuticos (Magnetoterapia).


Magnetoterapia


Utilização de pequenos aparelhos para criar e organizar campos electromagnéticos em camas, jarras de água, etc., para tratar doenças e principalmente problemas ósseos.


Vestuário


Tecidos e Cores


O vestuário era parte integrante do ideal de beleza para qualquer grego. Assim, as roupas gregas eram sobretudo de lã tecida muito finamente, factor que as tornava mais delicadas do que as actuais roupas de lã. Eram também utilizados trajes mais leves de linho tecido. As classes mais abastadas compravam seda ao oriente e na época helenística plantaram-se amoreiras na ilha de Cós, o que deu origem a uma indústria nacional de seda. As cores garridas eram muito populares, especialmente entre as mulheres. Obtinha-se a púrpura dos caramujos e o tom violeta da larva de um insecto chamado “larva de quermes”. Das plantas obtinham-se outras matérias corantes. Os mais pobres, provavelmente usavam roupas não tingidas.


Época Helenística


Período entre a morte de Alexandre O Grande a 30 a.C. Da palavra “heleno” que significa “grego”.


Modelos e Calçado


O formato das roupas era idêntico para homens e mulheres tendo-se mantido inalterado durante séculos. A roupagem básica era uma túnica direita, presa ao ombro com alfinetes ou broches – Chiton – e uma capa, presa no cimo a esvoaçar. A roupa interior tal como a exterior caía solta em torno do corpo. As crianças usavam roupas semelhantes às dos pais mas as túnicas eram bastante mais curtas a fim de poderem correr com facilidade. Adultos e crianças andavam descalços em casa e quando saíam usavam sandálias de cabedal com muitas tiras.


A Mulher Grega


Cuidados com o corpo


A mulher na Antiga Grécia dedicava muita atenção ao cuidado com o corpo. Nos ginásios e banhos públicos, as jovens da alta sociedade ateniense exercitavam-se para não perderem a linha harmoniosa e esbelta que ainda hoje admiramos nas estátuas.


A mulher helénica tirava a sua túnica e nua efectuava exercícios físicos para adelgaçar a cintura e as ancas. De seguida tomava um banho muito frio para manter a pele fresca.


As jovens gregas tinham ainda o cuidado de evitar o desenvolvimento do peito, aplicando para tal pomadas adstringentes – nenhuma dama de Ática que quisesse distinguir-se pela sua beleza podia ter um busto desenvolvido. Ser perceptível sob o Chiton uma curva pequena e forte, uns
ombros proporcionados e um pescoço esbelto eram características almejadas por toda a mulher grega. Assim, sujeitavam ombros e pescoço a violentas massagens para evitar a obesidade. Embora algumas mulheres usassem cintas para reduzir a cintura, o vestuário interior que se usava na altura, túnicas de linho ou algodão transparentes e de tons pálidos, não permitiam dissimular a obesidade.


Adstringentes utilizados


Mel, incenso, mirra e clara de ovo.


Maquilhagem


As gregas sombreavam os olhos de negro e azul e aplicavam carmim para avivar as maçãs do rosto. Os lábios e as unhas eram igualmente alvos de especiais cuidados sendo pintados de tons uniforme tal como hoje.


Pó mortal


Boião de póOs pós faciais, que surgiram em 4 000 a.C. na antiga Grécia, eram perigosos porque tinham uma grande quantidade de chumbo na sua composição e chegaram a causar várias mortes prematuras. O rouge era um pouco mais seguro. Embora fosse feito com amoras e algas marinhas, substâncias naturais, a sua cor era extraída do cinabre (sulfeto de mercúrio), um mineral vermelho. O mesmo rouge era usado nos lábios, como batom, onde era mais facilmente ingerido e também causava envenenamento.


Perfumes


Quanto à arte da perfumaria já se usa olíbano, mirra, canela, cravo, benjoim e sândalo com o intuito de sedução no século IV a.C.


Depilação


As mulheres gregas eram também muito vaidosas pelo que praticavam a depilação com fins estéticos. Para tanto arrancavam os pêlos púbicos com a mão e queimavam-nos com cinzas quentes. Os restantes pêlos eram retirados com uma pasta à base de vegetais, cinzas e uma argila especial.


“As damas passavam horas e horas frente ao espelho levando a cabo o mais completo arranjo do seu rosto. Saíam do toucador completamente transformadas, chegando ao extremo de em Atenas não haver mulheres velhas nem feias. A maior parte das mulheres usavam compressas de cera quente para fazer desaparecer as rugas, preparados cáusticos para suavizar a epiderme, alongavam os olhos com uma sombra azul e aplicavam vermelhidão sobre as faces. Aspácia de Mileto, para conseguir a sua tão elogiada palidez, ingeria todas as manhãs uma grande quantidade de cominhos”.

Egito

Higiene Pessoal e Cosmésticos


Cosméticos


Esfoliantes, epilação, cremes anti-rugas, métodos para eliminação de estrias, extensões capilares, halitosis e odores corporais desagradáveis, parecem expressões muito modernas e associadas a qualquer montra de uma das nossas metrópoles actuais, no entanto, todos eles eram
também conhecidos no antigo Egipto.


Cleópatra VII, é talvez a mais afamada mestra desta arte, tendo-lhe sido imputada a criação de um livro onde revelava os seus segredos de beleza. Os Egípcios usavam cosméticos independentemente do seu sexo e “status” social, tanto por razões terapêuticas como estéticas. Utilizavam muito frequentemente maquilhagem branca, preta (feita à base de óxido de carbono ou magnésio) e, maquilhagem verde (derivada da “malaquite” e outros materiais compostos por cobre). O vermelho ocre obtinha-se misturando terra com água e aplicava-se nos lábios e nas maçãs do rosto. A “henna” usava-se para cobrir as unhas de amarelo ou laranja. Foram encontrados tubos, com o nome de Nefertiti e da sua filha, nos quais guardavam khol, uma tinta para os olhos, que se obtinha misturando e reduzindo a pó, antimónio, óxido de cobre, amêndoas queimadas, “malaquite” verde, “cerussite” (um carbonato branco de chumbo) e, algumas vezes, pequenas porções de compostos de chumbo, “laurionite” e “fosgenite”, que posteriormente era misturado com óleo ou gordura. Este produto era armazenado em jarros e aplicado nos olhos, recorrendo ao uso de um pequeno pau. Entre os achados arqueológicos mais antigos, contam-se inúmeros destes jarros, alguns deles ainda por utilizar, como o encontrado no túmulo de Tut-anj-Amon, em forma de leoa, o qual continha unguentos e perfumes onde se puderam identificar 7 tipos diferentes de óleos vegetais e um óleo de origem animal. Estes recipientes eram inicialmente construídos de granito e basalto e posteriormente de alabastro. Pintavam-se as pálpebras superiores e inferiores, acrescentando-se uma linha desde o canto do olho, até aos temporais. Acreditava-se que a maquilhagem tinha propriedades mágicas e até curativas.


Os Egípcios acreditavam que ao se apresentarem perante os deuses, no dia do julgamento da morte, tinham que observar certas regras de vestimenta.


“ Um homem tem este discurso quando está puro, limpo, vestido com roupa nova, calça sandálias brancas, com os olhos pintados e untado com os melhores óleos de mirra”.


Cosméticos para os olhos eram importados de Punt para Hatshepsut, juntamente com, incenso-ihmut, incenso-sonter, símios e macacos. A importação de cosméticos representava o segundo maior negócio na balança comercial com o estrangeiro, imediatamente após a importação de madeira. Thutmose III trouxe uma quantidade não determinada destes produtos das suas campanhas em Naharin. O óxido resultante de folhas esmagadas era misturado com água e cloreto de sódio (pedra de sal), seguindo-se um processo repetitivo de filtragem que poderia durar semanas, até estar completo. O clorídio de folhas resultante, era utilizado como ingrediente para a maquilhagem dos olhos do qual, mediante a adição de gordura e pós secos, se conseguia uma grande variedade de unguentos. As senhoras Egípcias ricas, pintavam as unhas e tratavam a pele e cabelos, com creme e óleos. Na sepultura de três damas Egípcias, da corte de Tutmosis III (1450 AC), encontraram-se uma grande variedade de cosméticos, dos quais chamava particularmente a atenção, umas jarras que continham um creme de limpeza, composto por óleo vegetal e cal, ou talvez gesso.


Os unguentos cosméticos eram muito apreciados e universalmente reconhecidos, tendo mesmo sido utilizados como moeda de troca, antes do aparecimento do dinheiro.


Cremes Corporais


Os Egípcios dispunham de uma grande variedade de cremes corporais, nos quais, como já referimos, utilizavam uma diversidade de óleos. Entre os mais comuns, destacam-se: óleo de linho, sésamo (Sesamum indicum), óleo de rícino (Ricinus communis), óleo de Balanos (Balanites aegyptiaca), óleo de amêndoa de Moringa (Moringa pterygosperma), óleo de oliva (Olea europea) e óleo de amêndoas. Os óleos animais, que também se utilizavam nestes unguentos, derivavam geralmente do gado bovino e dos gansos. Segundo a tradição, Cleópatra banhava-se, diariamente, em leite de burra. O leite de vaca e de mulher, eram usados como remédios terapêuticos (Ebers, 642) e o leite coalhado era usado, topicamente, em produtos cosméticos, sendo rico em ácido lácteo e alfa-hidroxiácidos, muito utilizados na actualidade na indústria cosmética. Tornou-se lendário o chamado, unguento de Mendes, ao qual se referiam Plinio e Dioscórides, e que era muito apreciado, exportando-se para a Grécia e Ásia menor. Ao que parece, era um unguento de complexa composição e que, provavelmente, poderia ser confeccionado de diversas formas, tendo uma delas sido descrita por Plinio como contendo: Óleo de Balanos, resina, mirra, óleo de azeitonas verdes, cardamomo, mel, vinho, gálbano e resina de turpertina. Este composto utilizava-se como creme corporal, depois do banho. Um outro unguento corporal, “para rejuvenescer e devolver a vida”, consistia num extracto de banha de porco e de boi, juntamente com diversas outras substâncias: incenso, cera de abelha, óleo de enebro e sementes de coriandro, que após aquecido, era aplicado sobre o corpo, realizando-se fricções com mirra, após a sua aplicação (Ebers, 652).


Creme anti-rugas


Os tratamentos anti-rugas eram bastante comuns no antigo Egipto, como nos sugerem as diversas formulações contidas nos papiros médicos.


As rugas tratavam-se com aplicações diárias de uma mistura de incenso, cera de abelhas, óleo de Moringa, e frutos verdes de cipreste (Ebers, 716). A receita termina com a inscrição: “prova-o e verás!”.


Outra receita era composta por pó de goma dissolvido numa substância, não totalmente identificada, chamada água de padou (talvez mel e um óleo vegetal). O resultado era um líquido viscoso que se aplicava sobre a cara, depois da lavagem. Ao que parece, produzia o efeito de “esticar a pele do rosto” (Ebers, 719), que tem algum paralelismo com os modernos “gommages”.


Aromaterapia e perfumes


Aromaterapia, a arte de manipular fragrâncias voláteis e óleos essenciais, teve o seu início nos tempos antigos, particularmente no Egipto, tendo-se já catalogado 21 tipos diferentes de óleos vegetais utilizados pelos Egípcios. O objectivo desta terapia é o de proporcionar uma experiência holística, tratando simultaneamente o corpo e a alma como um todo. A própria história Egípcia encontra-se profundamente ligada à aromaterapia e aos seus poderes curativos, tendo como patrono o deus Nefertem, deus dos perfumes, filho de Sekhmet (a deusa leoa) e neto de Ra, o mais poderoso deus da mitologia Egípcia.


Os perfumes Egípcios eram famosos por todo o Mediterrâneo. Pliny “O ancião”, escritor Romano autor da “História Natural”, descreve um perfume que ainda mantinha a sua fragrância após oito anos. Os perfumes eram geralmente elaborados com plantas: as raízes ou folhas da “Henna”, canela, turpentina, iris, lilas, rosas e amêndoas amargas, eram mergulhadas em óleo e algumas vezes cozinhadas. A essência era extraída espremendo o resultado da cozedura e adicionavam-se óleos para produzir perfumes líquidos, enquanto os cremes e os unguentos eram o resultado da mistura com gordura ou cera. Muitos perfumes possuíam mais de uma dúzia de ingredientes. A arte de extrair e destilar perfumes, começou há milhares de anos, tendo sido aperfeiçoada em 2500 a.C. Era praticada pelos monges do templo de Denderah, onde uma das suas paredes mostra o método utilizado na extracção e destilação destes óleos, o qual ainda se encontra em uso pelos agricultores Egípcios da actualidade. Os odores agradáveis eram associados aos deuses, sendo Ra, o deus do sol, a fonte de todos eles. A maioria das fragrâncias era proveniente de Punt, tal como descrito nas inscrições que relatam a concepção e nascimento de Hatshepsut.


“Ele encontrou-a enquanto ela dormia na beleza do seu palácio. Ela acordou com a fragrância do deus, a qual já tinha cheirado na presença de sua majestade. Ele dirigiu-se para ela imediatamente, “coivit cum ea” (deitou-se com ela), impôs-lhe o seu desejo e provocou que ela o visse na sua forma de deus. Quando ele lhe apareceu, ela rejubilou perante a sua beleza e o seu amor passou para os seus membros, inundados pela fragrância do deus; todos estes odores provinham de Punt”


O óleo de cedro era considerado o mais sagrado de todos os óleos destilados, sendo o principal usado no processo de mumificação. Os sacerdotes Egípcios descobriram o verdadeiro poder dos óleos e acreditavam que, certos tipos de perfumes podiam aumentar o poder do indivíduo. Os sete óleos sagrados utilizados na mumificação eram: Festival de perfume, Hekenu, Bálsamo Sírio, Nechenem, Óleo suavizante, o melhor óleo de Cedro e o melhor óleo da Líbia. Estes óleos faziam também parte dos rituais de magia Egípcios. A fragrância Egípcia mais famosa, Kyphi, que significa “boas vindas dos deuses”, acreditava-se ter propriedades hipnóticas. Na cidade do sol, Heliopolis, queimavam-se resinas de manhã, mirra à tarde e kyphi à noite, para o deus Ra.


Higiene


Herodotos escreveu:


“Eles são muito cuidadosos na utilização de peças de linho recém lavadas. Eles circuncisam os seus filhos, com intuitos de asseio, dando prioridade à higiene em detrimento da beleza.”


A importância que os egípcios davam à higiene reflecte-se no facto do supervisor real da lavandaria, ser uma personalidade proeminente da corte. Esta preocupação com a higiene e o cuidado corporal transcendia os sexos, sendo que ambos, homem e mulher, recorriam ao uso de cosméticos e óleos corporais. A necessidade de utilizar protecção para a pele, num clima quente e árido, era entendida por todas as classes sociais, fazendo parte das rotinas diárias, a aplicação destes óleos. Existem indícios que provam que a distribuição de produtos, para o cuidado corporal, era feita diariamente, como parte do salário, mesmo às classes mais baixas.


Eles utilizavam swabu (deriva de (s)wab, que significa lavar) como sabão, uma pasta que continha cinza ou barro, muitas da vezes misturados com essências. Os papiros médicos de Ebers, os quais datam do ano 1500 a.C., descrevem uma mistura de óleos animais e vegetais com sais alcalinos, os quais eram utilizados como sabão no tratamento de doenças de pele, bem como, na sua lavagem. Embora tenham sido encontradas algumas casas de banho, é naturalmente aceite, que os Egípcios se contentavam em tomar banho por aspersão ou por imersão nos canais fluviais. Para os cuidados mais específicos do corpo, usavam lavatórios que enchiam com soluções salinas usando areia como agente esfoliante, lavando-se ao acordar, assim como, antes e depois das refeições principais. Nas casas mais abastadas, podiam-se encontrar quartos de banho, onde os escravos deitavam grandes quantidades de água sobre os seus patrões, utilizando um óleo animal ou vegetal, misturado com pó de lima, como sabão. Na lavagem dos dentes usavam outra solução chamada natron, composto natural de carbonato de sódio (Na2CO3), bicarbonato de sódio (NaHCO3), cloreto de sódio (NaCL) e sulfato de sódio (Na2SO4), cujo nome provém do latim, natrium, que significa sódio. Manter um hálito fresco era outra das suas preocupações, mascando folhas de tâmara, para esse efeito.


Cabelos


O cuidado dos cabelos era de vital importância no Egipto, embora fosse frequente o uso de perucas, que eram fixadas ao couro cabeludo com uma mistura de cera de abelhas e resina. As perucas, feitas de lã de ovelha, cabelos humanos ou, mais tarde, fibras de palmeira, eram utilizadas, tanto por mulheres como por homens, em festas, actos oficiais ou simplesmente para se protegerem contra o calor. Era comum utilizar-se cones de gordura na cabeça ou aplicados nas perucas, cuja acção era a de protegerem os cabelos dos efeitos do sol, que além de manterem as perucas humedecidas, exalavam uma agradável fragrância enquanto iam, lentamente, derretendo. Esta prática era tida como um acto social e recorria-se à distribuição dos cones por servos que os colocavam nas cabeças dos convidados.


A realeza podia também utilizar uma aplicação de cabelo, ou barbas postiças, tal como a utilizada pela rainha Hatshepsut, que realçavam o
seu “status” real. Quando não utilizadas, as perucas eram guardadas em caixas especiais e colocadas em exposição nas suas casas. O profundo valor simbólico do cabelo existiu em todas as civilizações, tendo sido encontradas numerosas fórmulas para os cuidados capilares, nos papiros de Ebers (Ebers, 432-476). Por exemplo, a queda capilar era tratada com compostos à base de óleo de rícino e meliloto, tendo também sido utilizados tónicos capilares confeccionados com mirtilho, tamarindo e turpertina. Os papiros de Ebers também contêm fórmulas para provocar a calvície, as quais eram utilizadas para trazer a desgraça àqueles que se odiava.


seu “status” real. Quando não utilizadas, as perucas eram guardadas em caixas especiais e colocadas em exposição nas suas casas. O profundo valor simbólico do cabelo existiu em todas as civilizações, tendo sido encontradas numerosas fórmulas para os cuidados capilares, nos papiros de Ebers (Ebers, 432-476). Por exemplo, a queda capilar era tratada com compostos à base de óleo de rícino e meliloto, tendo também sido utilizados tónicos capilares confeccionados com mirtilho, tamarindo e turpertina. Os papiros de Ebers também contêm fórmulas para provocar a calvície, as quais eram utilizadas para trazer a desgraça àqueles que se odiava.

“Folhas de lotus fervidas, adiciona-se óleo e aplica-se sobre a cabeça da mulher que se destesta”


Também os cabelos brancos eram tratados com unguentos à base de óleo e extractos vegetais, aplicados quentes sobre a cabeça. Foram achadas diversas fórmulas cosméticas, registadas em papiros, destinadas a “fazer desaparecer o branqueamento dos cabelos” (Ebers, 458, 459 e 460). Outra técnica bem conhecida pelos Egípcios, eram as tintas capilares, como pôde ser comprovado em algumas múmias que apresentavam os cabelos avermelhados, provavelmente recorrendo às propriedades da Henna. A caspa era tratada com uma mistura de farinha de cebada calcinada e gordura de boi (Ebers, 712). O pêlo indesejável era rapado ou depilado, havendo relatos de Heródoto relativos aos sacerdotes que dizem:


“...rapam o corpo inteiro a cada dois dias a fim de que nem piolhos ou outros parasitas adiram à sua pessoa enquanto servem os deuses”


Esta prática foi corroborada com o achado de navalhas e instrumentos para a barba, feitos em cobre, bronze, ferro ou até em ouro puro, nos túmulos Egípcios. A depilação realizava-se com a aplicação de cremes depilatórios, feitos à base de ossos de pássaro esmagados, óleo, goma e pepino, entre outros ingredientes, que eram aplicados quentes
e removidos após esfriarem (Hearst 155). Também se utilizavam pinças, tj’ait-iret, para extrair os pêlos indesejados.


Alguns estilos de cabelo eram similares aos de hoje em dia, sendo o cabelo curto mais utilizado pelo cidadão comum. Enquanto as raparigas mais novas prendiam o cabelo entrançado atrás, os rapazes rapavam a cabeça e alguns deles, como o jovem Ramsés, usavam uma tufa de cabelo num dos lados. As senhoras abastadas usavam ganchos de cabelo, lâminas, espelhos portáteis e era normal frisarem o cabelo, sendo que algumas, sobretudo as mais jovens, tinham cabelos suficientemente longos para os carapinharem.


“O meu coração pensava no amor que sentia por ti, enquanto metade do meu cabelo já se encontrava carapinhado; saí a correr para te encontrar sem terminar o meu penteado. Agora, se me deixares terminar de carapinhar o meu cabelo, estarei pronta num instante.”


Houve períodos em que os cabelos se usaram longos sobre os ombros ou até mais compridos, tanto por homens quanto por mulheres. Mas também houve épocas em que os adultos, homens e mulheres, usaram as cabeças totalmente rapadas. Alguns historiadores atribuem este facto à prevenção de piolhos.


Reflexologia


A reflexologia podal é uma técnica antiga de tratamento por pressão que envolve a aplicação de pressão focalizada sobre pontos “reflexivos”, localizados nos pés, os quais correspondem a determinadas áreas do nosso corpo. Não se sabe ao certo quão antiga é esta técnica, no entanto, existem alguns factos que apontam para a sua utilização pelos Egípcios, há cerca de 5000 anos atrás:


Uma gravura encontrada num dos templos construídos por Ramesses II, que aponta para um tratamento de massagem efectuado aos pés cansados dos soldados, no decorrer das longas caminhadas a caminho da batalha de Qadesh;


Uma gravura encontrada no túmulo do médico Ankhmahor, em Saqqara, no Egipto, que sugere uma massagem aos pés e às mãos, na qual encontramos uma inscrição com a exclamação de um paciente: “Não me faças doer.”; e a resposta do terapeuta que diz: “Actuarei de forma a agradar-te”.


O túmulo de Ptah-hotep contém mais uma magnífica gravura em baixo relevo, que mostra um escravo a massajar as suas pernas e pés;


Relatos históricos confirmam que Marco António massajava os pés de Cleópatra nos jantares festivos.


Acredita-se que a reflexologia terá sido passada, pelos Egípcios, aos Romanos e daí até aos nossos tempos, sofrendo uma série de mutações que a transformaram nas técnicas utilizadas hoje em dia.