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domingo, 15 de junho de 2008

Renascimento

Itália foi o marco de um novo conceito de beleza, desenvolvendo também novas tendências artísticas, literárias, científicas e principalmente estéticas.


O Renascimento herdou uma desconfiança fundamental do corpo, da sua natureza efémera, dos seus apetites perigosos e das suas inúmeras fraquezas.


A Europa do século XVI viria a caracterizar-se tanto por uma vaga de puritanismo e de vergonha em relação ao corpo, à sua aparência e à sexualidade, como viria a celebrar-se pelo seu culto da beleza e pela redescoberta do nu.


Nesta época, a mulher decidiu sair da obscuridade e revelar-se mais, visto que na Idade Média, muito pouco podia fazer, decidiu agora vir com novas exigências, principalmente a nível do seu aspecto.


Higiene – Banhos


O asseio e a higiene pessoal são conceitos relativos que sofreram uma transformação radical entre os finais da Idade Média e o século XVIII. Dependendo outrora de banhos regulares e do luxo das saunas, a higiene corporal veio nos séculos XVI e XVII a transformar-se numa questão a que a água era alheia, e onde a limpeza da roupa branca substituía a limpeza da pele.


O Renascimento italiano pode ter sido responsável pela divulgação em toda a Europa, dos ideais clássicos de perfeição física e espiritual, assim como de uma reabilitação neoplatónica do amor e da beleza, mas foi igualmente na península italiana que o duplo flagelo da peste e da sífilis atingiu o resto da Europa, provocando o encerramento da maior parte dos banhos e a rejeição da água na higiene corporal.


O receio da água deu origem a uma série de substitutos, tais como os pós e os perfumes, que criaram uma nova base de distinção social. Mais do que nunca, a limpeza passou a ser prerrogativa dos ricos.


Passou também, a ser dada mais atenção às partes do corpo que se apresentavam descobertas, como a cara e as mãos, sendo então a água utilizada para a sua higiene.


Mas no geral, ainda no século XVI, a preocupação com a higiene pessoal foi deixada de lado, o que contribui para o crescimento do uso de maquilhagem e perfumes.


Como mantinham a sua higiene?


A higiene baseava-se em usar roupa lavada até ficar suja, pois tinham a ideia de que a roupa absorvia a sujidade.


Os dentes eram lavados com um produto 100% natural: urina, cinzas ou saliva.


A roupa não era lavada, mas sim sacudida e carregada de perfume. As mãos eram lavadas apenas de 3 em 3 dias, e a face era limpa com clara de ovo ou vinagre para aclarar e amaciar a pele.


A sujidade era escondida com doses enormes de maquilhagem.


Para evitar o mau cheiro nas axilas, embebiam a pele com trocisco de rosas.


Cosméticos


Durante esta época a figura feminina passou a ter mais valor, e a utilização excessiva do perfume devia-se à falta de higiene. A actividade social obrigava a que houvesse um cuidado pessoal maior.


Nesta época, descobre-se também o álcool, extractos essenciais, princípios orgânicos cristalizados, óleos, etc... ficando a alquimia como um ponto alto, visto que a cosmética beneficia cada vez mais com o seu desenvolvimento.


Várias cidades europeias tornaram-se centros produtores de sabão, que era considerado um produto de luxo, usado apenas por pessoas ricas.


Nos finais do século XVI o uso do pó de arroz tornou-se uma condição necessária de limpeza. Os pós perfumados e coloridos tornam-se então parte integrante do arranjo diário dos ricos. Este acessório proclamava a limpeza, o estatuto social de quem o utilizava.


A preocupação com o aspecto fez com que as mulheres nobres usassem durante o dia alvaiade, e à noite cobrissem a cara com emplastros de vitelo cru molhado no leite afim de minimizar os efeitos nocivos causados pelo alvaiade.


Alvaiade: composição feita para aclarar a pele; misturas de giz, pasta de vinagre e claras de ovos.


Utilizavam-se também luvas perfumadas, usadas apenas pelos nobres da Corte Europeia.


Esta excessiva forma de uso de fragrâncias proporcionou a profissionalização da actividade do perfumista.


Entre o século XV e XVI, os óleos essenciais continuaram a influenciar a saúde e a felicidade. Pois porque se alguns perfumistas criaram aromas sedutores, bem como mortíferos venenos, as essências serviram também como boa causa de lutar contra infecções.


A vida social na corte fez com que a mulher se sentisse necessitada de melhoramentos estéticos, por isso, já em meados do século XV, por toda a Europa começaram a surgir livros de “segredos” e de receitas de perfumes e cosméticos, reforçando e enriquecendo uma tradição oral que se transmitia de mãe para filha, e entre os boticários, de pai para filho.


Quem os lia eram as mulheres de uma certa posição social, suficientemente instruídas para saberem ler.


Alguns livros também forneciam receitas alternativas de cremes destinados a tornar o rosto branco, ou de pinturas para dar às maçãs do rosto um tom rosado, reservando certos ingredientes, como as pérolas, a prata e as pedras preciosas para os que podiam comprar, sugerindo ao mesmo tempo, componentes mais económicos para os menos ricos.


As diversas receitas preenchiam uma de duas funções: corrigir defeitos existentes ou melhorar a natureza da pele.


O corpo


O Renascimento não foi só um período em que as mulheres das classes dominantes se distinguiam das que lhes eram socialmente inferiores pelas suas formas mais nutridas e pela brancura imaculada da roupa interior, mas também um período em que se tornou mais importante que as mulheres fossem “diferentes” dos homens, tanto na forma de vestir como na aparência e no comportamento.


As mulheres manifestaram uma tendência para se vestirem de forma mais pudica. Os seus vestidos compridos e volumosos, revelavam uma cintura torneada ainda mais delgada pelo uso do espartilho, e, quando os costumes mais liberais o permitiam, podiam mesmo exibir um peito leitoso e adequadamente empoado e pintado com rouge.


O neoplatismo renascentista veio atribuir um novo valor à beleza ao reconhecê-la como sinal exterior e invisível de uma “bondade” interior e invisível. A beleza já não é considerada um trunfo perigoso, mas antes um atributo necessário do carácter moral e da posição social.


Ser bela tornou-se uma obrigação, já que a fealdade era associada não só à interioridade social, mas também ao vício. O invólucro exterior do corpo tornou-se um espelho no qual o íntimo de cada um ficava visível para todos.


Nesta época, cânones da beleza feminina e o modelo ideal de mulher sofreram várias transformações: de esbelta a roliça e de natural a pintada. A silhueta e o rosto femininos foram correspondendo às diferentes condições de dieta, de estatuto e de riqueza, dando origem a novos padrões de aparência e gosto, a novos ideais de beleza e erotismo.


O ideal medieval da dama aristocrática graciosa, estreita de ancas e de seios pequenos, deu lugar nos finais do século XV e durante o século XVI, a um modelo de beleza feminina mais roliça, de ancas largas e seios generosos, que se iria manter até finais do século XVIII.


O corpo e a beleza física ganharam importância histórica a partir do final da Idade Média com a Renascença.


A beleza através dos Tempos


O que torna uma pessoa feia ou bela é na verdade um mistério. Mas cada lugar e cada época estabelecem critérios para definir a aparência desejável às pessoas, ainda que muitas delas superem esses critérios por causa da sua personalidade, da sua segurança, da sua capacidade de adaptação ou do seu poder.

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